Título: Sorocaba aposta em oficinas e colhe resultados no Ideb
Autor: Balmant, Ocimara
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/03/2011, Vida, p. A30

Com 20% dos alunos do ciclo básico matriculados em período integral, município detecta salto na qualidade do ensino

A escola Paulo Fernando Nóbrega Tortello, onde o garoto Pablo Henrique estuda, em Sorocaba, tem um prédio e, no ano passado, ganhou um anexo a pouco mais de 1 km de distância. O menino frequenta os dois, todos os dias. Logo cedo, às 8h30, o pai o deixa de bicicleta em frente à construção colorida levantada onde ficava um lixão. Lá, o garoto participa de oficinas de dança em uma sala espelhada, faz aula de teatro e de artes circenses. A escola oferece ainda a prática de xadrez e coral.

Tudo acontece sob o olhar da "professora educadora comunitária" Magali dos Santos, profissional selecionada entre professores da rede municipal. Ela é responsável pela coordenação e planejamento de todas as oficinas e faz o meio de campo entre o trabalho desenvolvido no anexo e o realizado em sala de aula.

Periodicamente, os professores respondem a uma formulário com as habilidades e dificuldades dos alunos. "A partir dos resultados, eu concilio as atividades específicas para o avanço da aprendizagem ao gosto de cada criança" explica Magali.

"O que eu mais gosto é de brincar com os jogos lógicos. Antes, eu assistia televisão a manhã inteira. Agora é mais gostoso, eu faço um montão de coisas", diz Pablo, já preparado para a segunda parte da maratona. Às 11h30, ele parte no ônibus fretado em direção à construção de salas convencionais, onde vai almoçar e ter aulas até as 17h30.

Quando os anexos são mais próximos, os estudantes fazem o trajeto a pé, acompanhado de monitores e seguindo uma trilha pintada de laranja na calçada.

Toda escola integral possui um painel de desempenho onde exibe os resultados do Ideb. Em 2010, a meta do colégio era 5,7. Conseguiu 6,5. "A leitura de uma partitura musical, por exemplo, é 100% matemática", compara Patrícia Bonilha Fernandes, gestora de desenvolvimento educacional. "Além disso, as oficinas atuam em outras dimensões, como a questão do limite, da autonomia e da cooperação. O que mais nos chama a atenção, no entanto, é a autoestima. Vemos um "boom" já no primeiro bimestre."

O desafio de Sorocaba, agora, é diminuir a fila de espera. Na escola de Pablo, 60% das crianças estão em tempo integral, mas, na cidade toda, o índice cai para 20%. Na seleção, têm prioridade crianças em situação de risco social, que apresentam problemas de aprendizagem e cujos pais trabalham.

A meta da Secretaria de Educação é chegar a 10 mil alunos atendidos em 2012. Para isso, há quatro complexos sendo construídos e outros oito em processo de licitação. Além dos recursos do governo federal, cada aluno de educação integral custa, para a prefeitura, 20% a mais do que os que fazem turno único. "O investimento cresce, mas não dobra porque conseguimos otimizar o uso de espaços como refeitórios e ginásios e também estabelecemos parcerias com a comunidade do entorno", diz Patrícia.