Título: Centro-Oeste fica com 77% da receita de grãos
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/03/2011, Economia, p. B1

Região deve receber este ano cerca de R$ 74 bilhões com a venda das commodities

Mais da metade da receita da produção de grãos do País deste ano passará pela conta bancária dos agricultores do Centro-Oeste. É uma injeção na economia local de cerca de R$ 74,4 bilhões, ou 77% do resultado da venda de soja, milho, algodão e arroz, segundo cálculos da RC Consultores. Os preços dessas commodities estão em alta no mercado internacional, o que sustenta o bom resultado da renda da safra.

Fabio Silveira, diretor da consultoria, explica que a renda do campo tem efeito multiplicador na região, fortalecendo a urbanização, o consumo, o comércio e atraindo investimentos.

Em 2010, três dos sete hipermercados abertos pelo Grupo Pão de Açúcar no País foram no Centro-Oeste. Além disso, o grupo inaugurou um centro de distribuição no Distrito Federal, diz o diretor do Pão de Açúcar para a região, Luiz Carlos Costa. Ele não revela dados de desempenho, mas diz que "a praça tem bons indicadores". Costa conta que há hipermercados programados para este ano na região e projeto de um centro de distribuição de itens não alimentícios.

"A engrenagem do dinamismo do Centro-Oeste vem de fora", observa Silveira, da RC, fazendo referência ao peso das exportações na economia local, especialmente com preço das commodities em alta.

Em 2008, os três Estados da região tiveram crescimento do PIB superior à média do País, de 5,2%. Goiás cresceu 8%; Mato Grosso, 7,9%; e Mato Grosso do Sul, 6,4%. O gerente de Contas Regionais do IBGE, Frederico Cunha, diz que o motor do crescimento do PIB desses Estados foi a agropecuária e a indústria.

Nordeste. Já no caso do Nordeste, a região "queridinha" do consumo nos últimos tempos, a dinâmica do crescimento tem sido diferente. Segundo Silveira, o impulso para o crescimento econômico do Nordeste é mais complexo e diversificado. Isto é, mistura as atividades da indústria, comércio e turismo com o dinamismo do mercado doméstico, impulsionado pela política de renda mínima do Bolsa Família.

Christine Pereira, diretora comercial da Kantar Worldpanel, frisa que, apesar do forte potencial de consumo do Centro-Oeste detectado nas pesquisas de anos recentes feitas pelo instituto, as Regiões Norte e Nordeste, que na sua pesquisa estão agrupadas, não perdem a posição de "bola da vez".

Para sustentar esse raciocínio, ela pondera que, do total de 47,4 milhões de domicílios existentes no País, 12,7 milhões estão no Norte e Nordeste, enquanto o Centro-Oeste reúne 3,6 milhões. "Em termos populacionais, o contingente do Norte e do Nordeste é maior", destaca.

Já Cunha, do IBGE, pondera que o PIB per capita da região, sem o Distrito Federal, é bem superior ao do Nordeste. Para Costa, do Grupo Pão de Açúcar, apesar de a população do Centro-Oeste ser menor que a do Nordeste, a renda média é maior. Mas ressalva: "O Centro-Oeste não ofusca o Nordeste. É uma nova fronteira do consumo".