Título: Política de isenções fiscais impulsionou expansão de Goiás
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/03/2011, Economia, p. B4
Programa de 1982 estimulou empresas a se instalarem no Estado; atualmente, isenção de impostos é de 70% BRASÍLIA
O crescimento econômico de Goiás a índices chineses deve-se a uma política de guerra fiscal iniciada pelo Estado em 1982, quando Íris Rezende (PMDB) foi eleito governador. Naquela época, o governo de Goiás criou o programa Fomentar, com isenções fiscais atraentes para empresas que se instalassem no Estado.
Em 1999, ao tomar posse, o então governador Marconi Perillo (PSDB, hoje de novo governador) fez um novo programa voltado para empresas da linha de fármacos, aproveitando que a fabricação de medicamentos genéricos havia sido aprovada pelo Congresso. Empresas farmacêuticas começaram, então, a se instalar em Anápolis. Hoje, viraram gigantes e se associaram às grandes multinacionais.
Pelo atual programa, o Goiás Industrial, a empresa interessada em montar fábricas tem desconto de 70% nos impostos do Estado e municípios. Ganham também isenção de todas as taxas de licença e alvarás no primeiro ano de funcionamento. "É vantajoso para todos. Para as empresas, para o Estado e para os municípios", disse o secretário de Desenvolvimento Econômico de Anápolis, Mozart Soares.
Hoje o Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia) conta com empresas nas áreas de farmacêuticos e químicos, montadora de veículos, alimentícios, vestuário, higiene, cuidados pessoais, adubos e fertilizantes, geração de energia elétrica, formulação de combustíveis, artefatos para indústria da construção, plástico, papel e papelão, indústria mineral e artefatos de madeira e mobiliário.
Como não param de chegar propostas de empresas interessadas em se instalar em Anápolis, o espaço ficou pequeno. O governo de Goiás prepara-se para desapropriar uma fazenda ao lado, de 3,8 mil hectares. Depois, terá de recorrer aos municípios vizinhos, porque as terras de Anápolis vão acabar.
Ao todo, contando com Anápolis, são 30 os municípios que participam do programa Goiás Industrial. Mas alguns deles ainda estão no primeiro estágio, se comparados com o da maior concentração industrial, que capta a própria água, trata o esgoto e tem até estação de rebaixamento de voltagem de energia.
Empregos. A industrialização de Anápolis gera hoje 12 mil empregos diretos, com possibilidade de chegar a 15 mil até o fim do ano com o crescimento das companhias. Isso acabou atraindo faculdades para a cidade. Ao todo, elas ofertam mais de 100 cursos, que vão desde Gestão de Logística a Hotelaria e Relações Internacionais. Afinal, a cada dia chegam mais e mais representantes de grandes multinacionais interessadas tanto no setor industrial quanto no agronegócio. A cidade já começa a sofrer com a falta de hotéis, um setor que terá de receber investimentos logo.
No agronegócio, as expectativas são grandes. No mês que vem o governo de Goiás receberá uma delegação da China, que vai oferecer adiantamento de US$ 7 bilhões para que os produtores de soja do Estado possam dobrar sua produção até 2018. A China quer comprar só dos goianos 6 milhões de toneladas de soja anualmente.
Hoje, o Estado produz 7,8 milhões de toneladas por ano. Para dobrar a produção de soja, os produtores terão de recuperar 3 milhões de hectares de áreas degradadas ou subaproveitadas na criação bovina. Tendo em vista esse crescimento, a Marítima Seguros, líder na área de seguros para benfeitorias e máquinas do agronegócio, está se instalando também em Goiânia.