Título: Itália trabalha para obter asilo para Kadafi na África
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2011, Internacional, p. A13

Proposta de Roma também prevê um cessar-fogo nos termos exigidos pela ONU

PARIS - Nenhuma proposta oficial foi divulgada, mas o governo da Itália estaria trabalhando nos bastidores por um acordo político que permita ao ditador líbio, Muamar Kadafi, partir para o exílio em um país da África fora da jurisdição do Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia. A revelação foi feita pelo jornal britânico The Guardian, que descreveu o projeto como o "paraíso africano" de Kadafi.

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A proposta deveria ter sido discutida na terça-feira, 29, no encontro de chanceleres em Londres, mas o comunicado final da reunião não trouxe nenhuma referência a negociações diplomáticas sobre o exílio de Kadafi. Segundo o jornal, a proposta de Roma seria obter do regime um cessar-fogo nos termos exigidos pela ONU. O compromisso preveria ainda a obtenção de asilo político para o ditador e seus parentes próximos em um país africano fora da jurisdição do TPI.

Entre as possibilidades estão Etiópia, Guiné-Bissau, Mauritânia, República Democrática do Congo, Ruanda e Sudão - além dos vizinhos que já passaram por levantes populares, Tunísia e Egito.

Na segunda, o chanceler italiano, Franco Frattini, afirmou que o regime de Kadafi cairá em pouco tempo. "Acredito que a Líbia será liberada rapidamente", disse em entrevista à emissora italiana La7. "Na resolução da ONU não se fala em queda violenta do regime, mas há uma condição implícita, não escrita, que eu leio como `Kadafi deve partir¿", completou.

Para Frattini, a União Africana pode ser decisiva para uma proposta de exílio que possa ser aceita por Kadafi. Negociações foram iniciadas na sexta-feira, em Adis-Abeba, capital da Etiópia, entre representantes da União Africana e do governo líbio.

Em Londres, o grupo de chanceleres da coalizão internacional não excluiu a hipótese do exílio. "Eu creio que ele deveria enfrentar o TPI, mas para onde ele vai depende dele", afirmou o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague. "Não controlamos o lugar para onde ele possa ir."

Apesar de a possibilidade de se obter o exílio de Kadafi em um "paraíso africano" estar sendo estudada, uma investigação já foi aberta no TPI contra o líder líbio. Segundo Luis Moreno-Ocampo, procurador do tribunal, um processo por crimes contra a humanidade já foi aberto contra Kadafi e os filhos dele em razão da repressão violenta ao movimento rebelde, em especial no mês de fevereiro. Por enquanto, segundo explicou Ocampo ao jornal espanhol El País, nenhum mandado de prisão internacional pesa contra o ditador líbio.

 Tópicos: Líbia, Intervenção na Líbia, Protetos, Protestos na Líbia, Itália, Kadafi, Muamar Kadafi, Primavera árabe, Mundo islâmico, áfrica, Internacional, Geral Comentários Comente também Intervenção na Líbia (#intervencaolibia) 2345 comentários

seguirRenato Mauri Comentado em: CIA tem atuado na Líbia, diz NYT

31 de Março de 2011 | 11h04 Infelismente não temos nenhum jornal de peso sem noticias maqueadas ou sem noticias tendenciosas em português, mas para quem fala ingles podera ler a melhor cobertura ( segundo muitos jornalistas decentes inclusive deste site que estao lendo) sobre o que se passa no mundo árabe ver http://english.aljazeera.net Responder | Denunciar seguirMarcio Viana Comentado em: Otan assume o comando completo das operações militares na Líbia

31 de Março de 2011 | 10h58 Em 1994, em Ruanda, mais de 800 mil pessoas foram trucidadas em alguns meses. As nações desenvolvidas assistiram a tudo de braços cruzados. Parte do sangue derramado em Ruanda respingou nas mãos de todos os que sabendo e podendo fazer algo, nada fizeram. . Kadafi permaneceu todo esse tempo no poder impunemente. As grandes potências ocidentais foram omissas e, dessa forma, co-responsáveis pelaos abusos cometidos pelo líbio. Se a coalizão foi montada por questões de interesse econômico é bastante provável. De qualquer forma foi montada e, dessa forma, reduziu os massacres da população pelo governo. Uma das grandes conquistas da Internet é que, atualmente, é difícil alegar-se desconhecimento do que acontece em outros lugares. Temos a oportunidade de nos conhecermos e de convivermos melhor com nossas diferenças, de percebermos mais as nossas semelhanças essenciais, de dialogarmos mais, talvez de nos percebermos mais como cidadãos do planeta do que membros de diferentes países. Afinal, somos todos filhos da mesma mãe Terra. E, mais ainda:estamos todos ligados por uma rede infinita que transcende o espaço e o tempo (e não estou falando da Web)