Título: IBGE prepara 1º índice de preços ao produtor
Autor: Leonel, Flavio
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/03/2011, Economia, p. B4

Indicador será divulgado pela primeira vez em 5 de abril e vai abranger 23 setores da indústria de transformação

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está finalizando os cálculos do primeiro indicador de preços na "porta da fábrica", livre de imposto e de custos de frete. Está marcada para o dia 5 de abril a primeira divulgação do Índice de Preços ao Produtor (IPP) que deve substituir o Índice de Preços por Atacado da Fundação Getúlio Vargas (FGV) como deflator do Produto Interno Bruto (PIB) do País.

"Não sabemos quando essa mudança vai acontecer", afirmou ontem o gerente do novo indicador, Alexandre Pessoa Brandão, durante uma apresentação da metodologia do índice à imprensa.

Inicialmente, o IPP abrange 23 setores da indústria de transformação. A intenção do IBGE é, posteriormente, ampliar o indicador para a indústria extrativa, isto é, aquela que inclui minério de ferro e petróleo, por exemplo, e chegar até o setor de serviços e a agricultura. "Vamos levar entre cinco e dez anos para cumprir o IPP total", disse Brandão. Depois da indústria de transformação, o próximo alvo para elaboração de um índice de preços ao produtor será a indústria extrativa.

Tabela. Ele explicou que os preços pesquisados serão aqueles dos negócios efetivamente fechados. Isso significa que não serão usados no cálculo do índice preços de tabela que necessariamente podem não ser de negócios efetivados.

Essa é uma das principais críticas que os especialistas em indicadores econômicos fazem ao IPA da FGV. No ano passado, o IPA da FGV passou por uma reformulação exatamente para corrigir esse ponto tão criticado pelo mercado.

O novo indicador do IBGE será calculado com base em dados fornecidos por 1.400 indústrias, que, juntas, respondem por 70% do faturamento da indústria brasileira de transformação. Brandão explica que os preços serão coletados por meio do site do IBGE, ao qual o informante terá acesso confidencial. "O ambiente de coleta é seguro", observou o gerente do indicador. Ele ressaltou que, apesar de as empresas serem obrigadas por lei a prestarem esse tipo de informação, há muita dificuldade para obter informações. É que, na prática, o preço é uma informação preciosa, que revela a estratégia da empresa.

A base de cálculo do indicador será composta por 5 mil cotações de 320 produtos escolhidos a dedo pelo IBGE. Os preços se referem apenas aos produtos fabricados pela indústria em território brasileiro.

Para chegar à lista de empresas relevantes, os técnicos do IBGE que trabalham nesse projeto desde 2001 usaram informações da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), que as empresas têm de entregar ao Ministério do Trabalho, e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Com isso, elaboraram um Cadastro de Empresas (Cempre). Na outra ponta, para elaborar a lista de quais seriam os preços relevantes a serem pesquisados, usou informações da Pesquisa Industrial Anual (PIA) para empresas e produtos do IBGE. Assim, reuniu os produtos importantes. O processo é semelhante ao realizado pelo IBGE para calcular a inflação ao consumidor (Índice de Preços ao Consumidor Amplo- IPCA) com base na cesta de consumo das famílias obtida por meio da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF).

O novo indicador terá periodicidade mensal, abrangência nacional e segue o padrão internacional de classificação dos produtos. Brandão explicou que os resultados não serão dessazonalizados, mas disse que, no futuro, é possível que isso ocorra. A meta é que a lista de produtos seja revista a cada três anos.

FICHA TÉCNICA

Principais características do Índice de Preços ao Produtor (IPP) do IBGE

Periodicidade: Mensal Abrangência: Nacional Nº de produtos: 320 Nº de informantes: 1.400 Nº de setores: 23 Nº de cotações: 5.000 Objetivo: Análise de política econômica