Título: ONG dá peruca para quem fez quimio
Autor: Thomé, Clarissa
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2011, Vida, p. A17

A Fundação Laço Rosa, dedicada a fornecer informações sobre câncer de mama, lançou um banco de perucas online. O objetivo é atender aos pacientes que estão em tratamento quimioterápico e não têm condições de comprar uma peruca - os modelos sintéticos custam entre R$ 800 e R$ 1,5 mil. Em três dias, o site recebeu 124 pedidos. Há 56 peças disponíveis.

"Para o paciente de câncer, peruca não é luxo. Não é vontade de mudar o visual. É quase um remédio. Muitos pacientes sequer vão à quimioterapia porque estão sem cabelo. Tentamos promover o resgate da autoestima para que a pessoa possa encarar o tratamento de maneira diferente", afirma Marcelle Medeiros, uma das fundadoras da ONG.

A família de Marcelle tem um longo histórico de câncer - o pai e as duas irmãs tiveram a doença. Quando a caçula Aline descobriu na gravidez que estava com câncer de mama, as três mulheres decidiram criar a Laço Rosa. Aline morreu no ano passado, aos 35 anos.

A Laço Rosa é dedicada ao câncer de mama, mas o banco está aberto a todos os pacientes oncológicos.

Passo a passo. O interessado deve enviar para a fundação um laudo médico, comprovando o tratamento, e uma fotografia. Designers voluntários fazem uma simulação entre a imagem do paciente e os modelos de peruca para ver aquele que é mais adequado - o trabalho é lento e artesanal, já que a ONG não tem o software que permite fazer a simulação imediata.

O banco começou a funcionar em caráter experimental em outubro. Doze perucas foram emprestadas desde então para moradores do Rio, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Alagoas. Nada é cobrado, nem o custo da remessa. "O mais difícil é acertar o modelo que nós temos com o perfil estético do paciente", explica Marcelle. As peças para crianças e adolescentes, por exemplo, são raras. Duas jovens, de 13 e 16 anos, estão na fila desde o ano passado.

A advogada Simone Cardoso, de 32 anos, fez o registro no site, pedindo uma peruca para a tia-avó, em tratamento para câncer de mama, que mora em Juiz de Fora (MG). "É impressionante como a peruca mudou a vida dela. Houve um encontro de família, aniversário da minha avó, em que todos os irmãos se reuniram, mas ela não quis aparecer na foto porque estava sem cabelo. Hoje, ela está mais confiante."