Título: Comparar com 2010 é inoportuno, diz governo
Autor: Salomon, Marta
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2011, Economia, p. B1

Para o Ministério do Planejamento, dados do 1º trimestre não estão totalmente fechados

O Ministério do Planejamento, responsável por coordenar as negociações sobre cortes no Orçamento, considerou inoportuna a comparação de dados do primeiro trimestre do governo Dilma Rousseff com o mesmo período do ano anterior. "Não é razoável fazer uma comparação com março do ano anterior neste momento", informou a área técnica do ministério, em resposta ao "Estado".

Segundo o Planejamento, os dados das contas públicas referentes ao primeiro trimestre do ano ainda vão demorar alguns dias para serem completamente fechados. "O Siafi ainda fica aberto uns dez dias para proceder alguns ajustes, que vão impactar os valores apurados no dia de hoje (sexta, 1.º de abril), em relação ao primeiro trimestre", insistiu o Planejamento, referindo-se ao sistema de acompanhamento de gastos da União administrado pelo Tesouro Nacional.

A consulta foi feita com base em dados lançados até a meia-noite de 31 de março e registrados em 1.º de abril no sistema. O critério foi o mesmo usado para o ano anterior.

O ministério sugeriu ainda que a reportagem se ativesse aos dados das contas públicas até fevereiro, objeto de uma portaria da Secretaria do Tesouro Nacional publicada no fim de março.

O Estado apurou que o Tesouro Nacional busca controlar o aumento dos gastos por meio de liberação a conta-gotas do dinheiro destinado sobretudo a investimentos. Um dos maiores obstáculos no momento é a dura negociação para o cancelamento de obras e serviços já contratados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva.

A Secretaria de Relações Institucionais e o Ministério do Planejamento vêm negociando uma lista de prioridades com os demais ministérios. É grande o impacto previsto em obras de interesse das prefeituras, o que tem provocado romarias a vários prédios da Esplanada dos Ministérios nos últimos dias.

O tamanho do corte é estimado em mais de R$ 30 bilhões, quase o valor do polêmico trem-bala entre São Paulo e o Rio.