Título: Balança tem superávit de US$ 1,55 bi em março
Autor: Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2011, Economia, p. B6

Com os recordes de US$ 51,233 bilhões em exportações e US$ 48,060 bilhões em importações no primeiro trimestre de 2011, pela primeira vez na história, a corrente de brasileira de comércio (soma de vendas e compras do exterior) acumulada em 12 meses ultrapassou a marca dos US$ 400 bilhões, chegando a US$ 405,310 bilhões entre abril do ano passado e março deste ano.

Além disso, como os embarques continuaram crescendo mais do que as importações, ao contrário do que vinha ocorrendo ao longo de 2010, o superávit comercial chegou a US$ 1,552 bilhão em março. No mês, os US$ 19,286 bilhões em vendas ao exterior representaram um crescimento de 34,3% ante o mesmo mês do ano passado, enquanto as importações aumentaram 29%, para US$ 17,734 bilhões.

Entretanto, influenciados pela forte dinâmica dos preços internacionais das commodities, o peso dos produtos básicos na pauta de exportações brasileiras continuou aumentando, em detrimento dos produtos industrializados, que detêm desde 1979 a maior participação nas vendas ao exterior. Na comparação com março do ano passado, a parcela de matérias-primas saltou de 39,4% para 44,5% do total, ajudando a compor o saldo comercial brasileiro, uma vez que apenas no primeiro bimestre deste ano o aumento das exportações se deveu à expansão de 25% nos preços e de somente 9% no volume embarcado.

Porém, para o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, a mudança de perfil nas exportações brasileiras é uma consequência direta também da estrutura produtiva do País, que deve aproveitar o momento para fazer superávits comerciais. "Nós não assistimos só a uma "commoditização" da pauta, mas a um crescimento geral nas exportações. A situação preocuparia se houvesse uma queda nas vendas de industrializados, mas o que ocorre é um ritmo de crescimento menor nessa categoria", avaliou.

Tendência. Ainda assim, admitiu o secretário, há uma tendência que as vendas de básicos continuem a ganhar espaço, podendo até igualar a participação de industrializados. "Essa é uma tendência estrutural da economia internacional com a expansão da China e da Índia, que são fortes consumidores de produtos básicos", acrescentou.

Além disso, destacou o secretário, o câmbio valorizado afeta as vendas de produtos industrializados para outros países, que, segundo ele, poderiam ter um crescimento ainda maior. Pelo lado das importações, que também têm chegado a níveis recordes, entretanto, o estímulo dado pelo câmbio valorizado ajuda a conter parte da inflação.