Título: Governo líbio envia emissário a Londres
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2011, Internacional, p. A18

O governo de Muamar Kadafi teria enviado a Londres um emissário para discutir um cessar-fogo e uma alternativa diplomática para o fim do conflito na Líbia, que além da rebelião da oposição enfrenta bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A informação foi revelada pelo jornal The Guardian e pela rede de TV BBC.

Ao mesmo tempo, segundo fontes citadas pelo New York Times, Kadafi teria rejeitado uma oferta de trégua condicionada feita pelos rebeldes - que exigiram o levantamento do cerco a cidades como Misrata e Zintan, a retirada de mercenários que combatem ao lado das forças do ditador e a garantia do direito ao protesto pacífico de militantes da oposição.

O enviado de Kadafi a Londres seria Mohammed Ismail, ex-conselheiro de Saif al-Islam Kadafi, filho do líder líbio. O chanceler da Grã-Bretanha não confirma, mas enviou recado pela imprensa: "Kadafi deve partir".

Ex-universitário em Londres, Ismail já teria representado o regime, participando de negociações para a compra de armas, segundo telegramas dos EUA revelados pelo WikiLeaks. Segundo o Guardian, ele teria passado "vários dias" em Londres e voltado a Trípoli. Um diplomata britânico disse que a mensagem que lhe foi passada é a de que Kadafi deve responder por seus crimes na Justiça internacional.

Pela manhã, a chancelaria da Grã-Bretanha não confirmou a passagem de Ismail por Londres, mas deixou o tema no ar. "Não faremos nenhum comentário sobre pessoas com as quais falamos ou não falamos", informou. Questionado sobre a hipótese de haver um contato, o porta-voz da chancelaria apenas repetiu que "Kadafi deve partir".

À tarde, o porta-voz do premiê, David Cameron, descartou a hipótese de um acordo que permita a Kadafi escapar da Justiça. "Não estamos fazendo nenhum acordo", disse. Além disso, Londres afirmou que Saif al-Islam não terá privilégio jurídico em relação a seu pai em caso de deserção. / COM AP, REUTERS e AFP