Título: Green Capital cria a Maxen e investe em nova fábrica no Rio de Janeiro
Autor: Scheller, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2011, Negócios, p. B14

Depois de investir R$ 30 milhões na abertura de uma fábrica em Escada (PE), em fevereiro, o fundo Green Capital prepara-se para expandir o negócio de equipamentos para a indústria de petróleo com uma unidade no Rio de Janeiro até o fim do ano, ao custo de R$ 40 milhões. A linha de negócios, iniciada com a compra do controle da paulista Mercotubos em setembro do ano passado, também ganhará uma nova marca a partir da próxima segunda-feira: Maxen.

A mudança de nome vem para completar o ciclo da migração da Mercotubos de uma companhia "de dono" para um negócio administrado dentro da lógica de resultados de curto prazo dos fundos de private equity. Os investimentos nas novas fábricas, decididos menos de seis meses depois da oficialização da aquisição de 74% do capital da companhia, traz a reboque grandes expectativas de expansão: ao ser comprada, a Mercotubos faturava R$ 250 milhões. Em cinco anos, o objetivo da Maxen é ter receitas de R$ 1 bilhão.

A construção da Maxen teve um desenho incomum no mercado. Em vez de contratar uma consultoria para avaliar a saúde financeira da Mercotubos e então decidir seguir em frente ou não com o negócio, o Green Capital impôs um novo executivo para a companhia antes mesmo de se comprometer a comprá-la. Com a anuência do fundador Luiz Fernando Pugliesi, o executivo Flávio Suplicy entrou na empresa e começou o processo de reestruturação: toda a diretoria foi substituída, assim como a maior parte das gerências.

O fundo só bateu o martelo a favor da compra sete meses depois da entrada oficial de Suplicy na companhia - na verdade, porém, o executivo já atuava informalmente na empresa havia cerca de um ano. Após o fechamento do acordo por valor não revelado, em setembro, o escolhido da Green Capital foi nomeado CEO, enquanto Pugliesi foi remanejado para a área comercial. Embora afastado das decisões estratégicas, o fundador manteve 26% de participação na companhia e o cargo de presidente (que, aliás, tem o mesmo significado de CEO). "Foi uma escolha dele apostar no crescimento com a nova administração", afirma fonte próxima ao acordo.

Um analista do setor de private equity, que preferiu não ser identificado, afirmou ao Estado nunca ter ouvido falar de uma transação em que o comprador começa a dar as cartas em um negócio antes se comprometer com a compra. Ele afirmou que esse parece ser o melhor dos mundos, pois é uma operação de risco mínimo em um mercado em que são justamente as apostas arriscadas que costumam dar grandes retornos. "Mas não vejo esse tipo de negociação ocorrendo com frequência."

Reposicionamento. Segundo o CEO da Maxen, a mudança da marca é importante para mostrar que a companhia tem ambições maiores: antes restrita a Atibaia (SP), a empresa já abriu a fábrica em Pernambuco e um escritório no Rio de Janeiro. A unidade industrial fluminense está em fase de definição de terreno - por isso, a cidade onde será instalada ainda não foi definida. A unidade, porém, deverá direcionar sua produção para atender à demanda gerada pelo início da exploração do petróleo do pré-sal.

Suplicy afirma que o posicionamento da Maxen será mais ambicioso também em relação aos produtos. A companhia, conhecida pelas estruturas tubulares para a exploração de petróleo, adquiriu uma tecnologia holandesa para fabricar tubos metálicos curvos sem a necessidade de solda. "Em uma obra de refinaria, por exemplo, isso diminui as sobras de tubos e também os problemas de atraso", exemplifica.

O abandono definitivo do nome Mercotubos será anunciado aos 460 funcionários da companhia na segunda-feira. A decisão, diz o CEO, veio para deixar a marca "mais abstrata" e reduzir a associação com os tubos metálicos. "Os tubos são só uma parte do que fazemos. O nosso portfólio de produtos é maior."