Título: Mercado já prevê inflação acima de 6%
Autor: Gramer, Fábio
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2011, Economia, p. B4

Apenas 10% dos analistas consultados trabalham com um IPCA de 5,6%, como projeta o Banco Central; para 2012 previsão de alta é de 5%

Em nova rodada de piora das expectativas do mercado financeiro, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2012 atingiu a marca de 5% (na semana passada, estava em 4,9%). Para este ano, os analistas consultados semanalmente pelo Banco Central (BC) promoveram mais uma elevação e consolidaram o cenário do IPCA acima de 6%, com uma projeção de 6,02%.

É grande, porém, a incerteza quanto ao comportamento dos preços no ano que vem, com os analistas apresentando estimativas bem diferentes. A maior concentração (pouco mais de 20% dos economistas) e dos que apostam em inflação de 5,2% em 2012, mas há também outros três grupos relevantes que prevêem inflação menor, parte inclusive acreditando em volta ao centro da meta.

Já para 2011, há dois grandes grupos: um projetando IPCA em torno de 6% e outro em torno de 6,4%. Apenas 10% da amostragem trabalha com IPCA em torno de 5,6%, como projeta o BC.

Com a continuidade do processo de piora nas expectativas, o governo tenta transmitir a sensação de que está, convicto que sua estratégia dará certo e colocará a inflação de volta em 4,5%. A avaliação, segundo uma fonte que, não só nesse segundo, trimestre de 2011 o IPCA deverá rodar no centro da meta - ou até abaixo disso em bases mensais -, mas também que ao longo do ano que vem (e não somente no fim de 2012) o índice oficial acumulado em 12 meses estará de volta ao centro da meta.

O governo recusa a tese de parte dos analistas de que estaria sendo leniente com a inflação e lembra que ela tem subido não só no Brasil, mas em grande parte do mundo. A fonte recorda que o BC já subiu neste ano a Selic em 1 ponto porcentual e, desde o ano passado, em 3 pontos, o que não foi feito por nenhum outro país ¿ a Índia estaria mais próxima do Brasil, mas ainda assim o ajuste total desde 2010 foi menor em termos absolutos: 2,5 pontos de alta no juro básico. Além disso, o governo tomou medidas para tirar dinheiro de circulação e restringir o crédito.

O resultado do IPC-Fipe de março, mostrando alta de 0,35% no mês passado, bem como dados mostrando queda na confiança do varejo foram vistos no governo como sinais que reforçam a tese de que a inflação no Brasil em breve já deve caminhar para rodar em taxas mensais compatíveis com a meta.