Título: Proposta de deputado republicano põe líder na defensiva
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2011, Internacional, p. A20

Foi uma temporada de perestroika fiscal. No fim do ano, a comissão Simpson-Bowles, que analisa o déficit americano, divulgou um relatório corajoso sobre como evitar uma catástrofe econômica. Durante algumas semanas, os escritórios do governo e de centros de estudo fervilharam com propostas para reduzir a dívida e reformar benefícios, o código tributário e praticamente todos os demais programas do governo.

O clima não durou. As pesquisas de opinião sugeriram que os eleitores ainda não estavam dispostos a aceitar aumentos de impostos ou cortes de benefícios sociais. Pessoas bem informadas de Washington e o próprio presidente Barack Obama decidiram que qualquer partido que realmente tentasse implementar essas ideias estaria cometendo suicídio político.

O presidente se afastou do pacote Simpson-Bowles. Em vez de enfrentar os problemas fiscais, o orçamento dobraria o endividamento do país na próxima década. No entanto, as forças da reforma não foram silenciadas por completo. O que faltava era um líder corajoso - uma poderosa autoridade eleita disposta a lançar sua proposta, com vontade de assumir uma posição e enfrentar os riscos políticos.

O país não contava com esse líder até recentemente. Na segunda-feira, Paul Ryan, presidente republicano da Comissão de Orçamento da Câmara, lançou a mais abrangente e mais corajosa proposta de reforma orçamentária que qualquer um de nós já viu ao longo de nossas vidas. O republicano saltou no vazio deixado pela passividade do presidente.

O orçamento de Ryan não será sancionado este ano, mas remodelará imediatamente o debate político nos EUA. Ele cria a hora da verdade fundamental para Obama. Virá o presidente com uma contraproposta ou tratará a questão de maneira demagógica, vociferando contra cortes "selvagens" propostos pelos republicanos? Terá ele uma visão sustentável para o governo? E o que dizer dos republicanos no Senado? Em que pé eles ficam? E os eleitores? Estarão dispostos a enfrentar a realidade ou continuarão pedindo mais do que estão dispostos a pagar? Ryan agarrou a realidade com as duas mãos. Ele está obrigando os demais a fazerem o mesmo. / TRADUÇÃO CELSO M. PACIORNIK

É COLUNISTA DO "NEW YORK TIMES"