Título: Obama tenta evitar paralisia por impasse fiscal
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2011, Internacional, p. A20

Presidente reúne-se com líderes da Câmara e do Senado para articular a aprovação do orçamento e impedir bloqueio de recursos

O presidente americano, Barack Obama, se encontraria na noite de ontem em Washington com líderes partidários para discutir o impasse na votação do orçamento deste ano e evitar a paralisia de seu governo. A reunião foi marcada a pedido de Obama com o presidente da Câmara, o republicano John Boehner, e com o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid.

Michael Reynolds/EfeParalisação. Obama discursa na Pensilvânia: 800 mil trabalhadores federais sem pagamento O porta-voz da Casa Branca Jay Carney disse que Obama considera os avanços feitos até agora insuficientes. Num evento na Pensilvânia durante a tarde, o presidente advertiu que a paralisação das atividades administrativas do governo por falta de um acordo sobre o orçamento poderia abalar a recuperação da economia americana.

"Empresas não gostam de incertezas. Se eles perceberem que podemos ter uma paralisação do nosso governo, isto pode impedir a recuperação justo quando precisamos nos reerguer", disse.

Antes da reunião, representantes dos dois partidos disseram que os negociadores estavam otimistas. "Acredito que houve algum progresso", disse Boehner. "Temos menos de 72 horas. É hora de terminar o trabalho." Para o democrata Dick Durbin, número dois na hierarquia do partido no Senado, o clima de otimismo era maior ontem do que na terça-feira. De acordo com Reid, no entanto, as negociações estão mudando constantemente. Ele acusou os republicanos de modificar os termos do debate antes do prazo. "Todas vez que concordamos em chegar a um consenso, eles pedem um pouco mais", disse. A seis meses do fim do ano fiscal, o orçamento ainda não foi aprovado pelo Congresso. O prazo limite para que as atividades governamentais não sejam bloqueadas acaba na sexta-feira.

De acordo com um membro da administração, cerca de 800 mil funcionários federais seriam afetados. Parques nacionais poderiam fechar e a restituição de impostos seria paralisada. A concessão de empréstimos para pequenas empresas também pararia de funcionar, assim como operações do Fundo Federal de Habitação.

"Não ter esse fundo funcionando para garantir empréstimos neste período causaria um impacto significativo no mercado imobiliário, que ainda está muito frágil", disse o funcionário. Apenas serviços essenciais, ligados à segurança e à manutenção da propriedade, continuariam funcionando.

Os democratas propõem cortes de US$ 33 bilhões, mas os republicanos exigem mais para diminuir o gigantesco déficit fiscal do país, que este ano chegará perto de US$ 1,5 trilhão. Nas últimas reuniões, Boehner pressionou por cortes de US$ 40 bilhões. As negociações de Obama com o Congresso se tornaram mais difíceis após os democratas perderem o controle da Câmara nas eleições de novembro. / EFE E AP

Rombo nas contas

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