Título: Alteração eleva valor do PIB per capita em 2,5 pontos porcentuais
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2011, Economia, p. B6

`Bônus demográfico¿ é resultado do aumento do número de pessoas em idade de trabalhar em relação aos dependentes

O Brasil pode ter um aumento do seu PIB per capita de 2,5 pontos porcentuais ao ano entre 2010 e 2050 graças ao chamado bônus demográfico, segundo trabalho de Cássio Turra e Bernardo Queiroz, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mencionado pelo estudo do Banco Mundial sobre envelhecimento populacional.

O bônus é a fase da evolução demográfica de um país em que as pessoas em idade de trabalhar crescem mais que os chamados dependentes (crianças e adolescentes até 15 anos, e idosos a partir de 60). O impulso ao PIB per capita ocorre porque há uma tendência de o número de trabalhadores subir mais do que a população como um todo.

Esse efeito, porém, é apenas aquilo que se chama de ¿o primeiro dividendo demográfico¿, que deve acabar no Brasil por volta de 2020. Mas há também um ¿segundo dividendo demográfico¿, ligado ao maior acúmulo de capital associado à força de trabalho mais madura, o que aumenta a produtividade do trabalho.

Queiroz e Turra estimaram que o ¿primeiro dividendo¿ contribuiu com 30% do crescimento econômico do Brasil e 1970 a 2010. Ainda assim, os autores mostram que o crescimento efetivo da economia brasileira nas duas ultimas décadas ficou abaixo do que seria previsto em razão do bônus demográfico. Segundo o banco Mundial, para aproveitar o bônus, o Brasil teria de promover mudanças no mercado de trabalho e na previdência (para estimular a poupança).

Um dos estudos do documento do banco Mundial indica que os idosos brasileiros, ao contrário do padrão normal, aumentam a poupança. Isso também é visto como fator positivo do envelhecimento da população, que pode ajudar o crescimento, já que o País carece de poupança. ,

Na educação, o envelhecimento também é uma boa noticia para o Brasil. Segundo o estudo, ¿a população em idade escolar de tamanho cada vez menor proporciona uma oportunidade única para se aumentar o investimento por estudante para os níveis da OCDE sem aumentar muito a carga das finanças públicas¿.

O estudo calcula que, com o aumento do gasto de educação de 1% do PIB até 2020, o Brasil chegará ao nível da OCDE. A partir daí, a parcela da educação no PIB poderia cair gradualmente, à medida que a população em idade escolar diminua, mantendo o mesmo nível da OCDE. / F.D.