Título: BC chinês eleva juro pela 4ª vez em seis meses
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2011, Economia, p. B9

Autoridades tentam frear a inflação que chegou a 4,9% em fevereiro em relação a mesmo mês do ano passado; alta foi de 0,25 ponto porcentual

O Banco do Povo da China (o banco central chinês) anunciou ontem o quarto aumento na taxa de juros em seis meses, numa tentativa de frear o volume de financiamentos bancários, conter a inflação e evitar um superaquecimento da economia.

Com o aumento de 0,25 ponto porcentual, que entra em vigor hoje, a taxa para depósitos de um ano atingiu 3,25% e para empréstimos com o mesmo prazo, 6,31%.

O país está tentando combater a inflação, que atingiu 4,9% em fevereiro em relação ao mesmo mês em 2010. Somente o preço dos alimentos registrou aumento de 11% no período de 12 meses até fevereiro.

Segundo analistas, existe o temor de que alta dos preços dos alimentos possa desencadear protestos num país onde as famílias mais pobres já gastam metade do que ganham com comida.

"Isso reflete as preocupações que as autoridades chinesas têm sobre um superaquecimento em alguns setores da economia", disse James Shugg, economista do Westpac em Londres. "Alguns setores estão crescendo a taxas de dois dígitos. O aumento também reflete a questão da moeda subvalorizada. Esperamos que a taxa de empréstimo seja elevada para 6,56% até junho."

Nos últimos seis meses, o governo chinês tomou uma série de medidas na tentativa de conter a alta dos preços, como o endurecimento dos critérios para empréstimos e a alta dos juros.

O governo também insistiu para que os bancos retenham mais capital, para frear a escalada de empréstimos e financiamentos.

Como já havia feito anteriormente, o banco central anunciou o novo aumento dos juros em um feriado nacional, quando a maioria das empresas e mercados está fechada.

Mas, segundo o jornal americano The Wall Street Journal, o momento em que a nova medida foi anunciada surpreendeu alguns analistas.

Citado pelo jornal, o economista Wang Qing, do banco Morgan Stanley, disse que o aumento das taxas foi "mais cedo do que esperávamos, já que prevíamos que aconteceria em maio ou junho, quando o índice total da inflação deve aumentar significativamente".

Espera-se que mais medidas de contenção da inflação sejam adotadas nos próximos meses. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

PONTOS-CHAVE

Frentes de combate

Inflação Com o elevado índice de preços ao consumidor, que em fevereiro chegou a 4,9%, puxado em grande parte pelos alimentos, o governo teme que ocorram tumultos entre a população que gasta mais da metade do que ganha com alimentação.

Empréstimos Elevando os juros, o governo espera que a oferta de crédito diminua. As autoridades têm insistido para que as instituições financeiras do país endureçam os critérios para empréstimos e retenham mais capital.