Título: Cacau estocado no país ainda pode ser exportado
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2011, Internacional, p. A10

O meio milhão de toneladas de cacau estocado na Costa do Marfim, após meses de sanções que interromperam as exportações, ainda deve apresentar condições adequadas para ser vendido, apesar do calor e da umidade.

Jonathan Parkman, chefe adjunto do departamento de agricultura da corretora Marex Financial, disse que entre 100 mil e 150 mil toneladas de cacau estavam desprotegidas contra o risco de mercado e isso poderia trazer aos preços um impacto maior do que a interrupção das exportações. Parkman disse ainda que o cacau negociado no mercado futuro pode ficar de 5% a 10% abaixo do valor considerado justo com a retomada das exportações. "A maioria dos relatos diz que o estrago não foi grande."

Para Keith Flury, analista sênior da Rabobank, a mercadoria estocada tinha qualidade suficiente para ser exportada, sofrendo um estrago apenas limitado. Ele ainda prevê um déficit comercial de 30 mil toneladas de cacau em 2011/12 depois do superávit de 168 mil toneladas registrado em 2010/11. "Como o caos político foi reduzido, as leis fundamentais da economia podem impulsionar os preços", disse.

O comércio do cacau na Costa do Marfim, país responsável por cerca de 40% da produção mundial, foi interrompido por uma proibição às exportações anunciada pelo presidente eleito Alassane Ouattara, para que o líder derrotado, Laurent Gbagbo, não obtivesse recursos para se manter no poder.

Analistas dizem que a saída de Gbagbo seria uma boa notícia para as previsões do rendimento da entressafra, cuja colheita começa este mês, pois os trabalhadores que abandonaram as plantações voltariam ao trabalho. "Este período é o auge da colheita", disse Parkman.

O preço do cacau caiu 20% depois de chegar a US$ 3.775 por tonelada no mês passado, valor mais alto em 32 anos. Flury disse que as exportações podem ser retomadas em até 48 horas após o estabelecimento de um novo regime fiscal, quando o governo Ouattara buscar renda fiscal sobre as vendas para o exterior./REUTERS