Título: Terremoto volta a assustar japoneses
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2011, Internacional, p. A12

Réplica de 7,1 graus abala nordeste do Japão, danificando prédios; teme-se que novo sismo aproxime ainda mais usinas atômicas do colapso

Menos de um mês após o devastador terremoto seguido de tsunami, um novo tremor - desta vez de 7,1 graus na escala Richter - voltou a abalar ontem o nordeste do Japão. Autoridades emitiram um alerta contra ondas gigantes, suspenso logo em seguida. Teme-se que o novo sismo tenha danificado ainda mais as usinas nucleares parcialmente destruídas no terremoto de março, agravando a pior crise atômica dos últimos 25 anos.

O epicentro do terremoto foi registrado no mar, a 40 quilômetros de profundidade e a cerca de 60 quilômetros da cidade de Sendai. Ocorrido às 23h32, o abalo foi sentido em Tóquio. Não há informações oficiais sobre vítimas do tremor, mas a rede de TV japonesa NHK noticiou que pessoas teriam ficado feridas e prédios, danificados. Blecautes e incêndios também foram registrados na região próximo ao epicentro do tremor.

Sem energia, duas centrais atômicas em Rokkasho tiveram de passar a operar com seus geradores a diesel. Uma terceira usina, em Miyagi, perdeu duas de suas três fontes externas de eletricidade.

No complexo nuclear de Fukushima, principal palco da crise nuclear japonesa, operadores que lutam para evitar uma tragédia ainda maior nos reatores tiveram de ser retirados às pressas por causa do alerta de tsunami. Segundo a Tepco, a empresa que controla a usina, o terremoto não provocou danos adicionais.

Mesmo assim, especialistas afirmam que as réplicas aumentam o risco de colapso das estruturas de contenção, que agora estão cheias de água do mar com altos níveis de radiação. Temendo o superaquecimento dos reatores danificados no terremoto do dia 11, cientistas inundaram as instalações. Se cederem, as estruturas liberarão milhões de litros de água contaminada no Oceano Pacífico.

Há ainda o risco de ocorrerem novas explosões provocadas pela combinação do oxigênio da água com nitrogênio gasoso, usado pelas equipes de cientistas.

O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, reuniu-se com seu gabinete pouco após o abalo de ontem. Uma equipe de reação a emergências do governo também se reuniu para monitorar a evolução dos acontecimentos nas principais usinas do país.

Pânico. Inicialmente, o governo japonês informou que a réplica teria alcançado 7,4 graus na escala Richter. Poucas horas depois, o Centro Geológico dos EUA divulgou que o tremor teria sido menos intenso, com 7,1 graus na escala Richter.

Moradores da região atingida narraram momentos de pânico. Takehiko Akagi, gerente de uma rede de um supermercado de Sendai, disse que o tremor derrubou quase todos os produtos das prateleiras.

Mas, poucas horas depois, centenas de clientes lotaram a loja temendo a falta de produtos básicos. "Geralmente a essa hora não tem ninguém aqui", disse Akagi. Após o terremoto do último mês, faltaram alimentos nas regiões mais atingidas e o governo chegou a impor um racionamento. O tremor do mês passado deixou 25 mil mortos, segundo cálculos do governo japonês, e chegou a 9 graus na escala Richter.

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