Título: Governo e indústria de alimentos fecham acordo para reduzir sódio
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2011, Vida, p. A18

Saúde. Compromisso firmado reduzirá gradualmente, a partir de 2012, a quantidade de sódio em 16 tipos de alimentos; de acordo com o Ministério da Saúde, brasileiros consomem, em média, 9,6 gramas diárias de sal, quase o dobro do recomendado pela OMS

A indústria alimentícia e o Ministério da Saúde firmaram ontem um termo de compromisso de redução gradual na quantidade de sódio de 16 tipos de alimentos. As primeiras reduções vão ocorrer com massas instantâneas, pães e bisnaguinhas, a partir de 2012.

Massas instantâneas deverão ser produzidas a partir do ano que vem com teor de sódio 30% menor do que o atualmente apresentado. Pães e bisnaguinhas virão com redução de 10%. O cronograma prevê diminuição do uso do sódio até 2020 (mais informações nesta página). Segundo o Ministério da Saúde, o brasileiro consome, em média, 9,6 gramas diárias de sal. A Organização Mundial da Saúde recomenda que consumo máximo não ultrapasse 5 gramas diárias. O excesso de sal na dieta está associado a maior risco de doenças como hipertensão, problemas cardiovasculares, renais e cânceres.

Atualmente, cada 100 gramas de macarrão instantâneo produzido no Brasil apresenta entre 2.036 e 4.718 miligramas de sódio. No Canadá, a média de sódio é de 926,9 miligramas a cada 100 gramas do produto.

No caso do pão de forma, os índices dos produtos brasileiros também são expressivamente maiores. Enquanto no Canadá a média varia de 361 a 526 miligramas de sódio a cada 100 gramas do alimento, no Brasil, a mesma quantidade do produto traz entre 437 e 796 miligramas.

A implementação do acordo será acompanhada pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ao longo do processo, o governo deverá fazer estudos para avaliar os reflexos da redução nos indicadores da saúde.

O presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Alimentação, Edmundo Klotz, afirmou que ainda não foi avaliado qual será o impacto no sabor da redução de sódio dos produtos. Ele disse estar convicto, no entanto, de que alternativas adequadas serão encontradas. "Já fizemos isso com relação à gordura trans", lembrou. Um acordo firmado entre 2007 e 2010 permitiu a redução de 230 mil toneladas da substância - associada a um maior risco de doenças cardiovasculares - a alimentos industrializados.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que pactos firmados entre governo e setor produtivo são estratégia ideal para incentivar a adoção de hábitos saudáveis.

O ministro evitou fazer comentários sobre a medida proposta pela Anvisa de inclusão de avisos de advertências nas embalagens de alimentos com altos teores de açúcar e gordura - substâncias que, assim como o sal, quando ingeridas em quantidades excessivas, podem aumentar o risco de problemas de saúde, como obesidade e doenças cardíacas. "Esse é um debate que está sendo feito. O importante é reforçar a informação para população", afirmou.

Atividade física. O ministério anunciou ainda o lançamento de um programa para estimular a prática de atividade física, o Academia da Saúde. A proposta permite a criação de espaços para prática de atividades individuais e coletivas, com participação de profissionais que trabalham no Estratégia de Saúde da Família. O ministério, no entanto, não informou quanto será destinado para esse programa. Os recursos virão de emendas parlamentares. Também ontem, a pasta colocou em consulta pública a metodologia para criação de um novo indicador sobre qualidade do atendimento de saúde e da satisfação da população com serviços prestados. A proposta ficará em consulta pública por 60 dias.