Título: IFF critica medidas para controlar entrada de capital
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2011, Economia, p. B6

Para organização que reúne 400 bancos, valorização do real está associada ao bom desempenho da economia

O Brasil deve suspender as barreiras ao ingresso de capitais e deixar o real se valorizar, aconselhou ontem o Instituto de Finanças Internacionais (IFF, na sigla em inglês), organização que reúne cerca de 400 bancos. Na avaliação do economista-chefe do IFF, Phillips Suttle, a valorização do real está associada também ao desempenho e às perspectivas positivas da economia brasileira e, portanto, deveria ser vista com maior naturalidade. Admitir e lidar com essa realidade, concluiu ele, seria um instrumento mais útil do que a imposição de controles de capital.

"As barreiras podem parecer uma boa ideia no momento. Mas, depois de 20 anos, você percebe que não foi tão inteligente", afirmou Suttle, com o cuidado de destacar que os fluxos de capitais trazem riscos para os mercados emergentes, administráveis por meio de instrumentos fiscais e monetários.

A recomendação do IFF está mais atrelada à antiga posição do Fundo Monetário Internacional (FMI) do que com a sua mais recente visão. Na terça-feira, o Fundo passou a considerar o controle de capitais como uma "ferramenta" para as economias pressionadas pela valorização de suas moedas, desde que usado de forma cautelosa e temporária, como último recurso. O IFF reconhece o fato de a valorização do real estimular a inflação, sobretudo pelo aumento dos preços dos ativos. Mas, ainda assim, recomenda ajustes em outras áreas em vez da adoção das barreiras.

Essa posição havia sido defendida pelo IFF também nas vésperas da reunião de primavera do FMI do ano passado. Entretanto, desde março de 2010, o real continuou no processo de valorização. Nos cálculos do Fundo, mesmo com as intervenções do Banco Central no mercado de câmbio, o real foi valorizado em 50% entre dezembro de 2008 e dezembro de 2010, em termos nominais.

Na quarta-feira, o Ministério da Fazenda decidiu estender a cobrança de alíquota de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) a todos os empréstimos tomados por companhias brasileiras no exterior com prazo menor de dois anos, como meio adicional de limitar o ingresso de capitais no Brasil. Até então, a medida vigorava sobre aplicações em renda fixa. Ontem, anunciou a preparação de medidas de combate à inflação.