Título: Brasil é um dos mais vulneráveis se Fed aumentar juros, diz FMI
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2011, Economia, p. B8

Em um ranking de 50 países, o Brasil figura no 7º lugar; na frente estão; Canadá, México, Uruguai, China, Coreia e Israel

O Brasil está entre os países mais vulneráveis a uma retirada mais forte de capitais no momento de elevação da taxa básica de juros nos Estados Unidos, concluiu o Fundo Monetário Internacional (FMI) na sua edição de 2011 do documento Perspectivas para a Economia Mundial, a ser divulgado na próxima semana.

No seu quarto capítulo, o texto adverte para a tendência de saída mais intensa de capitais das economias emergentes e também avançadas mais integradas ao mercado financeiro global, em especial dos EUA, e para as seguidoras da política de câmbio flutuante.

Quanto maior a vinculação financeira aos EUA, prevê o Fundo, maior será a fuga de capitais. Em um ranking de 50 países, o Brasil figura no sétimo lugar, no grupo de maior risco. À sua frente estão os sócios dos EUA no Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), Canadá e México, o Uruguai, a China, a Coreia do Sul e Israel. Em busca de socorro financeiro da União Europeia e, discretamente, do FMI, Portugal é o país menos vulnerável.

"O efeito adicional (de saída de capitais) é mais forte quando a elevação da taxa de juros americana é imprevista, e as condições mundiais de financiamento, mais favoráveis", informa o documento. "Esse efeito é maior para as economias emergentes mais integradas ao mercado financeiro global e para aquelas com regime de taxa de câmbio flexível. Porém, é menor para os emergentes com mercado financeiro doméstico mais bem alicerçado e com forte crescimento econômico", completa o estudo.

Fluxos de capital. Diante do ritmo baixo de expansão econômica, insuficiente para estimular uma queda acentuada na taxa de desemprego americana, de 8,8% em março, o Fed mantém uma taxa de juros básica ao redor de zero. Mas, há perspectiva de elevação a partir de 2012, quando se espera uma recuperação mais forte. A taxa de juros baixa e a decisão do Fed de emitir US$ 600 bilhões neste semestre são duas razões para a reorientação dos fluxos de capitais às economias emergentes, como o Brasil. Para esses países, as principais consequências têm sido a valorização das moedas - caso do real - e o preço mais alto de seus produtos no exterior.

O mesmo capítulo, entretanto, avalia o atual fluxo de capitais para os mercados emergentes como "mais voláteis e pouco resistentes" do que em 2008, no auge da crise financeira. Esses movimentos recuperaram-se "assombrosamente" de forma rápida desde setembro de 2008. Mas, insistiu o Fundo, não bateram recorde. Mesmo para regiões onde afluíram com vigor, como a América Latina, os fluxos de capitais nos últimos dois anos e meio são comparáveis aos da crise asiática e a de 2004.