Título: Resultado de eleição não afeta economia, diz agência de risco
Autor: Miranda, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2011, Internacional, p. A10

Apesar de investidores estrangeiros nos Estados Unidos ainda temerem o resultado das eleições peruanas, uma vitória de Ollanta Humala ou Keiko Fujimori não afetará o futuro da economia do Peru, considerada um dos principais sucessos da América Latina, de acordo com relatório da agência de classificação de risco Moody"s. Segundo ela, nenhum dos dois candidatos terá condições de mudar os principais fundamentos da economia local.

A apreensão dos investidores é em razão, acima de tudo, do pouco conhecimento do cenário político peruano e de uma falta de informação a respeito dos compromissos adotados por Humala, que moderou a sua posição em relação às últimas eleições.

O candidato da esquerda peruana comprometeu-se a manter a independência do Banco Central do Peru e a não permitir que o déficit fiscal ultrapasse 1% do PIB.

Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre pena por corrupção e outros crimes, também adotará as mesmas políticas fiscais e monetárias dos dois últimos governos.

"Os dois candidatos constantemente falam sobre a necessidade de preservar os principais pilares da atual política macroeconômica, incluindo a responsabilidade fiscal e a autonomia do Banco Central do Peru, com objetivo de garantir a tendência de crescimento, uma saudável balança de pagamentos e a inflação baixa", afirma o relatório da Moody"s.

Humala também se comprometeu a cumprir os acordos de livre comércio assinados pelo Peru . Keiko, por sua vez, sempre foi uma defensora do livre mercado e quer ampliar os acordos do Peru com outros países.

A principal diferença entre os dois candidatos está na ideia sobre qual deve ser o tamanho do Estado na economia. Keiko quer aumentar o número de concessões para a iniciativa privada para desenvolver a infraestrutura. Seu pai, quando governou o país nos anos 90, levou adiante uma série de privatizações.

Já o candidato da esquerda pretende se inspirar no Chile para cobrar royalties sobre as empresas mineradoras, além de introduzir impostos de 40% a 45% sobre os lucros do setor de mineração, copiando uma política adotada pela Austrália no ano passado.