Título: Indefinição dos Brics preocupa
Autor: Trevisan, Cláudia
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2011, Economia, p. B4
Ainda não há uma posição de consenso no grupo em relação ao Conselho de Segurança da ONU
A presidente Dilma Rousseff está preocupada com o comunicado conjunto da 3.ª Cúpula dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China e que será integrado pela África do Sul no próximo dia 14, em encontro na cidade de Sanya. Motivo: até agora não houve acordo em relação à posição do grupo para o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Dilma chegou ontem a Pequim e passou o dia em reuniões, no elegante hotel Saint Regis Beijing. Para relaxar, fez sessão de acupuntura com Gu Hanghu, o médico chinês no Brasil que integrou a comitiva juntamente com cinco ministros e a filha da presidente, Paula. Nas conversas com assessores, à tarde, Dilma foi informada de que a África ainda está indefinida sobre o Conselho de Segurança da ONU.
Brasil, Japão, Índia e Alemanha, que formam o G-4, querem assentos naquele fórum e incluíram no pacote o pedido de mais duas vagas permanentes para o continente africano.
A Tunísia e o Egito deram sinal de interesse pelas cadeiras, mas ainda não há consenso sobre o tema. A posição africana, até agora, é a de que novos membros permanentes do conselho de segurança precisam ter poder de veto imediato para impedir a adoção de resoluções. Os integrantes do G-4, porém, avaliam que a questão do veto não deve entrar na pauta de negociações nesse primeiro momento.
Embora tenha prometido várias vezes dar aval à pretensão do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, a China recuou e decidiu não manifestar apoio. Na prática, não quer jogar água no moinho do Japão, país que se associa ao Brasil nesse projeto.
Os nós a desatar na 3.ª Cúpula dos Brics não param por aí. Os problemas com o câmbio, a desvalorização artificial da moeda chinesa e os conflitos no Oriente Médio são assuntos obrigatórios no encontro.
Em reunião com os ministros de Relações Exteriores, Antonio Patriota, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, o embaixador do Brasil na China, Clodoaldo Hugueney, e o assessor Marco Aurélio Garcia, Dilma também reviu os discursos que fará hoje para empresários e autoridades chinesas.
A presidente vai pedir reciprocidade nas parcerias e cobrar uma relação comercial mais justa e equilibrada. À tarde, Dilma terá reunião com o presidente da China, Hu Jintao, e participará da cerimônia de assinatura de atos entre os dois países. Depois, ela será homenageada com um banquete pelo presidente da China.