Título: Aval do governo mostra que preço não está liberado
Autor: Mendes, Karla
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2011, Economia e Negócios, p. B1

Os preços de toda a cadeia de combustíveis foram liberados em 2002, com o fim do período de transição entre o período de fixação de preços pelo governo e a desregulamentação de mercado. A ideia era que os produtores adotassem um sistema de paridade com os preços externos.

Mas a teoria não funcionou na prática. De um lado a questão cambial e, de outro, a grande oscilação nos preços internacionais do petróleo deixaram a mudança apenas no plano da intenção. Em 2002, ano de eleição, o governo segurou ao máximo os reajustes e o então presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou da Agência Nacional do Petróleo uma intervenção nos preços.

No primeiro ano do governo Lula, em 2003, durante a primeira entrevista de José Eduardo Dutra, o primeiro presidente petista da Petrobrás, isso ficou muito claro.

Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia, acompanhava Dutra na coletiva e adiantou-se ao responder uma pergunta dirigida a ele sobre um eventual aumento da gasolina. Diante da insistência da repórter de uma emissora de TV sobre a necessidade de gravar a declaração do executivo sobre o assunto, a ministra foi categórica: "Reajuste de gasolina é uma questão de governo", disse, chamando para si a responsabilidade.

E tem sido assim na prática. A Petrobrás, mesmo que identifique a necessidade de reajustar gasolina e diesel, precisa do aval do governo. Desta vez, como deixou claro o ministro Edison Lobão, não conseguiu. Como a Petrobrás controla todas as refinarias do País, na prática o preço dos principais combustíveis - gasolina, diesel e gás de botijão (GLP) -, responsáveis por 60% das vendas da empresa, não está liberado.