Título: Dilma quer salto no comércio com os chineses
Autor: Paraguassu, Lisandra ; Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2011, Economia, p. B10

Correspondente/ Pequim

A presidente Dilma Rousseff desembarca na segunda-feira em Pequim com uma comitiva de cinco ministros e a expectativa de levar a relação bilateral a um novo patamar, com a abertura de novas áreas de cooperação, a diversificação das exportações brasileiras e a expansão dos investimentos entre os dois países.

O embaixador do Brasil em Pequim, Clodoaldo Hugueney, acredita que esta será a visita que mais trará resultados concretos entre todas as realizadas por chefes de Estado brasileiros à China.

No setor privado, o entusiasmo é menor que o existente há seis anos, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve pela primeira vez na China, acompanhado de 400 empresários.

Apesar de o país asiático ter se tornado o maior parceiro comercial do Brasil em 2009, a delegação empresarial que acompanhará Dilma terá cerca de 300 integrantes. É um número significativo, mas menor que o registrado em 2004, quando o país asiático ainda aparecia em quarto lugar no ranking dos clientes das exportações brasileiras e o impacto de sua concorrência sobre o setor industrial não era tão evidente como agora.

Dilma também será acompanhada em Pequim por José Sergio Gabrielli, presidente da maior empresa brasileira, a Petrobrás, Luciano Coutinho, dirigente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e Marco Aurélio Garcia, assessor para Assuntos Internacionais da Presidência.

Compromissos. Segundo Hugueney, entre as expectativas de curto prazo que o Brasil espera ver atendidas na visita estão a definição da situação da Embraer na China, a abertura do mercado de carne suína para as exportações brasileiras e a obtenção do sinal verde para investimentos brasileiros no país.

"Nós queremos a presença da Embraer no mercado chinês", afirmou o embaixador, ressaltando que a empresa brasileira foi a primeira a realizar joint venture com uma parceira chinesa no setor de aviação, em 2002.

O Brasil também espera obter da China o compromisso de abertura a investimentos brasileiros. Além da Embraer, a Marcopolo enfrenta dificuldades para levar adiante seu projeto de produzir ônibus na China para o mercado local. Outras empresas, como a fabricante de aço Gerdau, tiveram seus planos de investimento vetados pelas autoridades.

"As empresas brasileiras que desejem investir na China têm de ter boa acolhida e ambiente favorável a seus negócios", ressaltou o embaixador.

Hugueney afirmou que Pequim é sensível às preocupações brasileiras e também tem interesse em valorizar o relacionamento bilateral. "A China quer aprofundar e consolidar a relação com o Brasil, que é um parceiro fundamental nos Brics, no G-20, na Rodada de Doha e na discussão de grandes temas políticos internacionais."

Dilma ficará seis dias na China, um recorde entre os líderes brasileiros. Na última visita que realizou ao país, em 2009, Lula permaneceu menos de 48 horas em solo chinês. Além da visita oficial de dois dias, a presidente participará na quinta-feira da reunião de cúpula dos líderes dos Brics, o grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e, a partir de agora, África do Sul. O encontro ocorrerá na ilha de Hainan, no sul da China, onde no dia seguinte a presidente falará no Fórum Boao, uma resposta asiática ao Fórum de Davos.

No sábado, Dilma irá a Xian, a antiga capital imperial chinesa, e visitará os Guerreiros de Terracota que guardavam o túmulo de Qin Shihuang, responsável pela unificação do país, no ano 221 antes de Cristo.