Título: Nacionalista injeta mais incertezas na política de Lima
Autor: Miranda, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2011, Internacional, p. A8

Líder de uma fracassada revolta do Exército em 2000, o favorito das pesquisas nas eleições peruanas, o oficial da reserva do Exército peruano Ollanta Humala, injeta novas incertezas no sistema político do país andino. Sua rápida ascensão nas pesquisas antes da votação de ontem - ele ultrapassou candidatos do establishment que apoiam mais estreitamente as políticas orientadas para a economia de mercado implementadas pelo governo - ressaltou também um aparente paradoxo no qual a economia em forte expansão do Peru mascara profundos descontentamentos com a política.

Embora o cenário lembre a corrida de 2006, quando Humala perdeu no segundo turno para atual presidente Alan García, ele fez uma campanha mais sofisticada desta vez: trocou as camisetas vermelhas por paletó e gravata, contratou consultores de imagem brasileiros e repensou sua admiração pública pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Quando Chávez chamou Humala de "um bom soldado", em março, o candidato aproveitou a oportunidade para afirmar sua independência, pedindo ao líder venezuelano para que ficasse "fora da campanha eleitoral" e insistindo: "Não preciso de ninguém para me dizer se eu sou um bom soldado ou não".

Analistas políticos ainda estão tentando determinar se o abrandamento de Humala após a campanha de 2006 é cosmético ou mais profundo.

Dada a relativa estabilidade do Peru nos últimos anos, alguns consideram impróprio agrupá-lo apressadamente com outros esquerdistas nacionalistas na região. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK SÃO JORNALISTAS DO "NYT"