Título: Na China, Patriota volta a criticar ação na Líbia
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2011, Internacional, p. A18

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defendeu ontem no encerramento da terceira reunião de cúpula dos países que compõem o Brics, na China, uma saída diplomática para o conflito na Líbia. Segundo ele, um mês depois da adoção da resolução do Conselho de Segurança da ONU que prevê a proteção a civis, não houve diminuição do nível de violência no país.

"É questionável se a população civil está mais protegida agora do que antes e há inquietação com os rumos que a crise líbia poderá tomar", disse Patriota. "Até a África do Sul, que votou a favor da resolução, acredita que é o momento de se voltar a um esforço diplomático."

No documento final do encontro, os Brics condenaram o uso da força na Líbia e defenderam a diplomacia e a negociação para solução do confronto que dilacera o país árabe. Na votação na ONU, em março, Brasil, China, Rússia e Índia abstiveram-se.

Anfitrião da reunião, o presidente chinês, Hu Jintao, pediu um cessar-fogo imediato no país, mas a proposta não consta do comunicado, divulgado no final da manhã de ontem na cidade de Sanya.

Na declaração aprovada durante o encontro, os cinco líderes dizem-se extremamente preocupados com a turbulência no Oriente Médio e no Norte e Oeste da África. "Nós compartilhamos o princípio de que o uso da força deve ser evitado. Nós reafirmamos que a independência, a soberania, a unidade e a integridade territorial de cada nação devem ser respeitadas", afirma o documento.

Segundo Patriota, o cessar-fogo proposto pela União Africana seria a primeira etapa de um processo político que envolveria representantes do governo e dos rebeldes para definir a transição, com a realização de eleições. O encontro foi o primeiro da África do Sul como membro do bloco.