Título: MST invade 18 fazendas no interior de São Paulo
Autor: Tomazela, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2011, Nacional, p. A9

Ação de grupo ligado a José Rainha faz parte do `abril vermelho¿; novas invasões estão previstas

SOROCABA - Integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) ligados a José Rainha Júnior invadiram neste sábado, 8, entre a madrugada e o meio-dia, pelo menos 18 fazendas no Pontal do Paranapanema, Alta Paulista e região de Araçatuba, no oeste do Estado. Rainha anunciou que as invasões podem chegar a 30 até a manhã deste domingo e que o objetivo é recolocar a reforma agrária na pauta dos governos estadual e federal.

No início da tarde, ele informava que o número de áreas ocupadas já tinha chegado a 28 - sendo seis apenas no município de Teodoro Sampaio , no Pontal do Paranapanema -, mas esse total de invasões não foi confirmado pela Polícia Militar.

A ação fazia parte do "abril vermelho", a jornada de lutas do movimento em defesa da reforma agrária e para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 sem-terra foram mortos pela Polícia Militar em abril de 1996, no sul do Pará.

Reivindicação. De acordo com Rainha, a principal reivindicação é a retomada na desapropriação de terras para assentamentos. Segundo ele, foram mobilizados cerca de 4 mil militantes de 30 acampamentos espalhados por essas regiões. "Estas ocupações mostram para todo o Brasil que a pauta da reforma agrária está presente e que a tese de que há um esvaziamento dos acampamentos não se confirma em São Paulo", disse Rainha, acrescentando que a luta pela terra está "viva e o governo precisa fazer a parte dele, arrecadando as terras que não cumprem a função social".

Bloqueios. Em algumas frentes, os militantes enfrentaram resistência. No município de Queiroz, a Polícia Militar impediu uma invasão usando viaturas para bloquear o acesso à propriedade visada pelo grupo de sem-terra. Um comboio do MST também foi bloqueado em Parapuã, região de Marília. Alguns veículos foram multados e apreendidos porque estavam com documentação irregular. Na fazenda Alvorada, em Iacri, funcionários tentaram impedir a entrada dos sem-terra, mas sem confronto.

A União Democrática Ruralista (UDR), entidade que defende os fazendeiros, passou orientação aos proprietários para pedir à Polícia Militar a identificação dos invasores. Além de pedir na Justiça o despejo dos ocupantes, os proprietários devem entrar com ações cíveis e criminais contra os sem-terra.