Título: Em eleição indefinida, 4 candidatos lutam para disputar 2º turno no Peru
Autor: Miranda, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2011, Internacional, p. A14

Segundo pesquisas, nacionalista Ollanta Humala leva pequena vantagem; ex-presidente Alejandro Toledo, deputada Keiko Fujimori e ex-ministro Pedro Pablo Kuczynski brigarão voto a voto na corrida presidencial mais renhida da história do país

Mais de 19 milhões de peruanos vão às urnas hoje para decidir uma das eleições presidenciais mais concorridas da história do país e renovar os 130 assentos do Parlamento. Quatro dos dez candidatos têm chances de passar para o segundo turno.

O nacionalista Ollanta Humala lidera as pesquisas de intenção de voto. A congressista Keiko Fujimori, o ex-presidente Alejandro Toledo e o ex-ministro Pedro Pablo Kuczynski estão virtualmente empatados em segundo lugar.

Em uma apertada disputa como esta, os eleitores indecisos ganharam um peso importante e podem ajudar a definir o cenário para a próxima etapa eleitoral. Cerca de 10% dos peruanos ainda não escolheram um candidato. É o caso do vendedor desempregado Juan García. "Não tenho nem ideia em quem votar, talvez deixe para decidir na última hora, na cabine de votação", disse García.

Outra parcela da população que também pode ter bastante influência no resultado final são os 20% de eleitores que já têm um candidato, mas ainda podem mudar de opinião.

Humala, que começou a corrida em baixa e em menos de um mês duplicou suas chances, lidera as pesquisas com 28% das intenções de voto, de acordo com a empresa Ipsos-Apoyo. Segundo o analista político Eduardo Ballón, do Centro de Estudos e Promoção do Desenvolvimento (Desco), o tipo de disputa entre os candidatos favoreceu o nacionalista. "Os outros candidatos têm plataformas de governo semelhantes e, em vez de atacar Humala, brigaram entre eles", explicou Ballón. "Humala aproveitou esse vácuo para se destacar dos outros."

Ele afirma ainda que o discurso de inclusão social ajudou o candidato a atrair mais simpatizantes. "O crescimento econômico do país não beneficiou todos os setores da população e os excluídos veem em Humala um candidato que pode ajudar a distribuir melhor a riqueza."

A analista política Jacqueline Fowks, professora da Universidade Católica, lembra que Humala foi o único candidato que soube explorar bem o tema do combate à corrupção, considerado pelos peruanos como um dos principais problemas do governo. "Humala chegou até a prometer que investigaria as denúncias contra o presidente Alan García", disse Jacqueline.

A rejeição a Humala, no entanto, é forte. O escritor e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa chamou um eventual segundo turno entre o nacionalista e Keiko Fujimori de uma escolha entre "o câncer e a aids". Na reta final, Llosa aderiu à candidatura de Toledo.

Um dos problemas na votação deve ser a demora na divulgação dos resultados. Em 2006, as autoridades eleitorais demoraram quase um mês para anunciar quem iria ao segundo turno. Este ano, a Oficina Nacional de Procesos Electorales (ONPE) estima publicar as primeiras parciais a partir das 20 horas locais (22 horas de Brasília).

CANDIDATOS

Alejandro Toledo Economista e presidente do Peru de 2001 a 2006,terminou a gestão com 8% de aprovação

Ollanta Humala Populista, foi derrotado nas eleições de 2006 causa da ligação com Hugo Chávez

Luis Castañeda Fundador do partido Solidariedade Nacional e ex-prefeito de Lima (2003-2010).

Pedro Pablo Kuczynski Foi ministro da economia e é criticado por também ter cidadania americana

Keiko Fujimori Filha do ex-presidente Alberto Fujimori, é considerada herdeira política do pai