Título: O ritmo da indústria foi muito forte no trimestre
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2011, Economia, p. B2
Foi muito forte o ritmo da produção no primeiro trimestre do ano, como mostraram os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da associação das montadoras de veículos (Anfavea) divulgados quinta-feira. Isso afasta, por ora, qualquer temor de uma desaceleração expressiva da atividade - o mais provável continua sendo um pouso suave, pois a alta dos preços provoca redução do poder aquisitivo dos trabalhadores e tem impacto no consumo.
Descontados os efeitos sazonais, a indústria de transformação cresceu 6,9% entre janeiro e fevereiro e, em comparação com fevereiro de 2010, o avanço foi de 14,3%, quase o dobro dos 7,9% registrados entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011. O uso da capacidade passou de 83,1%, em janeiro, para 83,6%, em fevereiro, e o índice que mede o número de horas trabalhadas mostrou acréscimo de 2,6%. Mas, entre janeiro e fevereiro, a aceleração inflacionária provocou uma redução de 1,4% da massa salarial e de 1,7% do rendimento médio. Já na comparação com fevereiro de 2010, a massa salarial ainda indica aumento de 5,8% e o rendimento médio, de 1,6%.
Mas o que melhor comprova a vitalidade da economia e o otimismo das empresas é o aumento de 11,1% do faturamento do setor de máquinas e equipamentos e de 9,4% do número de horas trabalhadas, na comparação entre os meses de fevereiro de 2010 e 2011. Nesse segmento, a massa salarial real cresceu 9,5%. A disposição de investir evitará gargalos na oferta de bens duráveis e não duráveis.
A produção de veículos, segundo a Anfavea, caiu 0,5% na comparação entre os primeiros trimestres de 2011 e 2010, mas as vendas aumentaram 4,7%, pois é crescente o peso dos importados (cujas vendas, no período, aumentaram 28%, elevando a participação dos importados no mercado de 18,8% para 22%). Tomado apenas o mês passado, comparativamente a março de 2010, houve queda de 7,1%, na produção, e de 17,5%, no licenciamento de veículos novos nacionais. Mas a comparação é imperfeita, pois março de 2010 foi um dos melhores meses da história das montadoras (produção de 295,6 mil veículos, ante a média de 237,8 mil, em 2010).
Que os indicadores da indústria são bons não há dúvida, reconhece o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Mas, quanto aos veículos, os aumentos de custo para os consumidores - juros, combustíveis (forte alta do etanol e até da gasolina, nos últimos dias) e, agora, o IOF - serão um desestímulo para quem tem pouca folga no orçamento. Só os dados de abril mostrarão o impacto real das medidas de aperto.