Título: Presidente reafirma combate à inflação
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2011, Economia, p. B1

Na China, Dilma critica o aumento da liquidez mundial em razão das políticas monetárias dos países desenvolvidos

Em um de seus primeiros pronunciamentos a uma plateia internacional, a presidente Dilma Rousseff criticou ontem na China, durante o Fórum Boao, que reúne empresários e representantes de governos da Ásia, o aumento da liquidez mundial em razão das políticas monetárias dos países desenvolvidos por causa dos efeitos sobre a inflação e a moeda de várias economias, sobretudo os países exportadores de commodities. O Brasil está entre os que enfrentam hoje forte apreciação cambial, o que reduz a competitividade internacional de sua economia.

A presidente ressaltou a assimetria na velocidade de recuperação de países avançados e em desenvolvimento e disse que o lento crescimento nos países ricos dificulta a redução do déficit fiscal e da dívida pública nesses países. Inflação e desequilíbrio fiscal devem ser combatidos com políticas "restritivas", já que esses elementos podem ameaçar a recuperação da economia mundial, declarou. "Eu gostaria de enfatizar que nós somos favoráveis ao controle da inflação e à estabilidade fiscal."

No momento em que a China tenta aumentar sua demanda doméstica, Dilma afirmou que o aumento da renda permitiu a criação de um mercado consumidor de massa no Brasil, que foi capaz de sustentar o crescimento da economia. "A democratização do crédito, a elevação da renda do trabalho, as transferências de renda, a universalização dos serviços e o investimento em infraestrutura retiraram 36 milhões da pobreza em um país de 190 milhões e expandiu a classe média brasileira", ressaltou.

A presidente falou também das oportunidades de investimentos geradas pela Copa de 2014, a Olimpíada de 2016 e a descoberta dos campos do pré-sal, que, segundo ela, vão gerar demandas que representam mais de 25% do total mundial de investimentos na cadeia de gás e petróleo em alto mar. O presidente da China, Hu Jintao, ressaltou que o processo de internacionalização das empresas chinesas vai se intensificar e que elas buscam ampliar investimentos na Ásia e em outros mercados.

Diversidade. Em seu pronunciamento, Dilma rejeitou "modelos únicos", baseados na hegemonia do mercado ou do Estado. "O grande desafio é construir na diversidade, associando distintos projetos em ambiente de cooperação para o desenvolvimento de todos."

Ela defendeu a aproximação entre a região e a América Latina. Ao falar das vantagens do País, enfatizou traços ausentes no modelo da nação anfitriã. Entre os pontos ressaltados estavam estado de direito democrático, estabilidade política, compromisso com os direitos humanos e a sustentabilidade e um profundo sentimento de autoestima de nosso povo". A China está longe de ter um estado de direito e vive um dos momentos de mais severa repressão.