Título: Dilma visita centro de pesquisa em Xian
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2011, Economia, p. B4

Para executivo da ZTE, "todo mundo sabe que a China tem custos mais baratos, mas o Brasil tem uma demanda muito grande de alta tecnologia"

No penúltimo dia de sua viagem à China, a presidente Dilma Rousseff visitou o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da ZTE, em Xian, a 1.200 quilômetros de Pequim. A empresa de telecomunicações vai investir US$ 200 milhões na construção de um parque industrial em Hortolândia (SP), o primeiro desse tipo fora da China. Para fechar o negócio, a companhia recebeu incentivos fiscais da prefeitura local, comandada pelo PT.

"Todo mundo sabe que a China tem custos mais baratos e o Brasil tem impostos altos e problemas no transporte", disse Hou Weigui, presidente e fundador da ZTE Corporation. "Mas o Brasil também tem uma demanda muito grande de alta tecnologia em informática e, fabricando no País, podemos dar respostas mais rápidas aos nossos clientes."

Para Eliandro Ávila, presidente da ZTE do Brasil, o Plano Nacional de Banda Larga, lançado pelo governo, foi fundamental para a decisão da empresa de se instalar no Brasil. "As patentes também serão brasileiras", garantiu Ávila.

Concorrência. O anúncio da ZTE ocorre na mesma semana em que a Huawei, sua concorrente, divulgou aporte de US$ 350 milhões para a expansão dos negócios em Campinas (SP). Além disso, o governo espera investimento de US$ 12 bilhões da Foxconn, em até cinco anos, para a produção de telas e visores destinados a computadores, celulares e tablets.

Dilma ficou 45 minutos na ZTE e fez várias perguntas aos executivos. Quis saber, por exemplo, como funcionava a banda larga nas escolas da China e se os empregados da fábrica de Hortolândia serão brasileiros ou chineses. Ouviu como resposta que 80% da mão de obra será local. A ideia é construir na cidade um centro de treinamento e outro de pesquisa.

O prefeito de Hortolândia, Angelo Perugini, também acompanhou a visita e disse que as negociações para a instalação da ZTE na cidade duraram um ano e dois meses.

"Temos uma lei que possibilita à prefeitura dar incentivos fiscais e a empresa terá isenção de alguns impostos, como IPTU. O retorno do investimento será em até 20 anos e vamos construir uma ponte, de 650 metros, para dar acesso à Rodovia dos Bandeirantes", afirmou Perugini.

Com 200 mil habitantes, Hortolândia já abriga companhias do porte da IBM e da Dell. A ZTE vai produzir aparelhos celulares, modens para acesso à banda larga com fio e sem fio e, numa segunda etapa, tablets.

A companhia tem 75 mil funcionários espalhados pelo mundo e planeja contratar outros 2 mil para trabalhar em sua nova fábrica no interior paulista, numa área de 470 mil metros quadrados. A produção está prevista para começar em até seis meses. Dos US$ 11 bilhões referentes ao faturamento da ZTE, no ano passado, US$ 600 milhões vieram de vendas no Brasil.