Título: Inflação acelera na China e na Europa
Autor: Palácios, Ariel ;
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2011, Economia, p. B6

Altas são as maiores em quase 3 anos; aperto monetário deve durar mais tempo

A alta de preços voltou a assustar vários países ontem, com a divulgação de vários indicadores que medem os índices de preços aos consumidores referentes a março. Na China e na Europa, foram registradas altas que não eram observadas há quase três anos.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) na China subiu 5,4% em março, em comparação ao mesmo mês do ano anterior, levemente acima das expectativas que eram de alta de 5,3%. A elevação é a maior desde julho de 2008. A taxa de inflação na China, cujos altos níveis preocupam o governo, ficou quase meio ponto acima do que foi assinalado nos meses de janeiro e fevereiro.

O governo chinês disse esta semana que tomará todas as medidas necessárias para manter os preços estabilizados. A meta do governo é manter a alta dos preços abaixo dos 4% para todo este ano. Em 2010, a inflação anual média foi de 3,3%. Com essa alta, Pequim deve manter apertada a política monetária.

Nos últimos trimestres, a China tem registrado um alarmante aumento dos preços dos alimentos, de até 11%, enquanto que os preços das habitações, cujo setor vive uma bolha especulativa apesar das medidas de "esfriamento", subiram 6,5%.

Euro. Um alta mensal histórica da inflação da zona do euro levou inesperadamente a taxa anual para uma nova máxima em 29 meses em março, um movimento que fortalece as expectativas que o Banco Central Europeu (BCE) apertará ainda mais a política monetária neste ano, de acordo com a Eurostat, agência de estatísticas europeia.

O CPI da zona do euro subiu para 2,7% em março, em termos anuais, de 2,4% em fevereiro, o maior nível desde outubro de 2008, quando a taxa ficou em 3,2%, afirmou a agência. A previsão dos economistas entrevistados pela Dow Jones era de uma alta de 2,6%, inalterada em relação à estimativa anterior.

Num sinal de que as pressões inflacionárias estão aumentando, a Eurostat disse que o núcleo do CPI, que exclui os itens voláteis da energia, alimentos, álcool e tabaco, acelerou para 1,3%, em março, em bases anuais, de 1% em fevereiro, alcançando o maior nível desde agosto de 2009. Na comparação com o mês anterior, o núcleo do índice também teve alta recorde: 1,4%.

EUA. A alta dos preços de alimentos e gasolina impulsionou a inflação ao consumidor dos Estados Unidos em março, mas a pressão inflacionária subjacente permaneceu contida.

O Departamento de Trabalho dos EUA informou que o CPI subiu 0,5% no mês passado, mesma alta registrada em fevereiro. O número ficou de acordo com o previsto por economistas.

Argentina. O Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) anunciou ontem (sexta-feira) que a inflação acumulada nos três primeiros meses deste ano foi de 2,3%. No entanto, economistas independentes que acusam o governo de "maquiar" a inflação, sustentam que o índice "real" no primeiro trimestre esteve entre 5,7% e 6%.