Título: Na capital, região central lidera roubos e periferias concentram assassinatos
Autor: Godoy, Marcelo ; Manso, Bruno Paes
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2011, Metrópole, p. C1

Pela primeira vez em dez anos, dados por distrito da criminalidade em São Paulo estarão disponíveis aos cidadãos na internet

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgou ontem pela primeira vez na internet os dados de criminalidade por distrito policial na capital. Os números nos 93 DPs do município seguem tendência histórica e registram concentração de assassinatos na periferia e de crimes contra o patrimônio nas áreas mais centrais.

Conforme os dados, a periferia da zona sul se consolida como a região mais violenta da cidade, apesar de registrar taxas muito menores que em anos anteriores. Os distritos do Parque Santo Antônio (17 vítimas), Campo Limpo (11) e Capão Redondo (9), todos na zona sul, ocupam os três primeiros lugares no ranking de homicídios.

Os distritos de Santa Ifigênia e Sé, no centro, lideram o ranking dos roubos. São lugares de comércio intenso e tiveram, respectivamente, 769 e 666 casos. Os bairros de periferia, no entanto, também apresentam taxas elevadas. Capão Redondo, na zona sul, aparece logo em terceiro lugar, com 623 casos.

Ao longo do ano, o governo do Estado pretende divulgar mensalmente os índices de criminalidade. "A divulgação passa a ser mensal e por distrito policial. São 93 distritos na capital e mais de 1.300 em todo o Estado. É transparência absoluta", disse ontem o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

No outro lado da tabela, entre os 93 DPs da capital, pelo menos 18 não registraram nenhum homicídio neste trimestre. Eles estão localizados em áreas mais centrais, em diferentes regiões da cidade. São distritos como Perdizes e Lapa, na zona oeste; Ibirapuera, Vila Mariana e Ipiranga, na zona sul; Cambuci, no centro, e Vila Alpina e Alto da Mooca, na zona leste.

Segundo o comandante-geral da Polícia Militar, Álvaro Batista Camilo, são três os métodos principais de combate aos homicídios que estão sendo usados pela Polícia Militar de São Paulo. O primeiro deles é a apreensão de armas. Neste trimestre, foram retiradas das ruas 3.129 armas de fogo. "É importante ressaltar que o estoque de armas vem diminuindo drasticamente porque todo mês são retiradas em média mil armas das ruas de São Paulo. A retirada de armas, associada a uma legislação rígida para concessão de porte, é fundamental para a queda."

Camilo cita outras duas estratégias que estão mostrando resultado. O combate ao tráfico de drogas e ao uso excessivo de álcool. O volume de drogas apreendidas na capital tem crescido nos últimos anos, o que demonstra uma atuação mais combativa da polícia contra esse tipo de crime. Neste trimestre, foram apreendidos 1.328 quilos de droga, acima dos 825 quilos do primeiro trimestre de 2005 . "Estamos obtendo bons resultados nas blitze e bloqueios. A população precisa ter paciência e entender que as abordagens trazem bons resultados", diz Camilo.

Outros crimes. Analisando todos os tipos de crime na cidade, os homicídios foram os que registraram tendência de queda mais acentuada nos últimos seis anos. Comparando o primeiro trimestre de 2005 com o deste ano, a queda foi de 71,5%. Neste trimestre, morreram 664 pessoas a menos que 2005. Queda em proporção semelhante só é verificada nos casos de furto de veículo. A diminuição foi de 28% neste trimestre se comparado com 2005.

Outros tipos de crime, como roubo e furto, no entanto, cresceram nos últimos seis anos. O principal aumento foi verificado nos casos de furtos, que subiram 10,2% em seis anos, se comparados os primeiros trimestres de 2005 e 2011. O índice de latrocínios, casos de roubos seguidos de morte, apresentam oscilações instáveis, não demonstrando nenhum tipo de tendência clara. Foram 25 casos no primeiro trimestre de 2005 e despencaram para 10 e 8 casos nos primeiros trimestres dos anos que se seguiram. A queda parecia firme, mas os roubos seguidos de morte voltaram a crescer e atingir taxas parecidas às anteriores. No primeiro trimestre de 2009, foram 29 casos, seguidos de 25 e 22 nos anos seguintes.