Título: Síria envia tanques às ruas e 25 morrem
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2011, Internacional, p. A12

Assad usa Exército contra manifestantes; EUA preparam sanções contra Damasco

ReutersMorador de Deraa reaje com uma pedrada ao uso de tanques para reprimir as manifestações por democracia Em uma medida sem precedentes desde o início da crise, o governo da Síria mandou ontem tanques e soldados para as ruas de cidades consideradas bastiões da oposição ao regime do presidente Bashar Assad. O governo fechou parte das fronteiras para impedir a fuga de ativistas.

O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir hoje para votar um projeto da União Europeia condenando a violência na Síria, enquanto os EUA já começaram a elaborar sanções unilaterais contra o regime, que teria feito mais de 350 mortos e 2 mil presos nas últimas semanas.

Ontem, o Exército sírio entrou na cidade de Deraa, descrita por alguns ativistas como "região livre". Segundo ONGs, cerca de 3 mil soldados chegaram à região de madrugada, atirando e matando pelo menos 18 pessoas.

Os soldados avançaram apoiados por tanques. "Há uma guerra selvagem sendo lançada para aniquilar os democratas sírios", afirmou o ativista Suhair al-Atassi. As ligações telefônicas foram grampeadas e a luz foi cortada.

O envio de tropas fez os sírios se lembrarem do massacre de Hama, em 1982, quando o Exército massacrou milhares de pessoas para abafar um protesto na cidade. Segundo ativistas, a decisão de ocupar Deraa foi tomada depois que o governo se deu conta que as prisões e mortes não parariam os protestos que pedem o fim dos quase 40 anos de governo da família Assad.

Tanques também foram enviados a Douma, na periferia de Damasco, onde foram registrados protestos nos últimos dias. Casas foram invadidas em busca de ativistas e dezenas de pessoas foram presas. Na capital, pontos de controle se proliferaram.

A repressão fez americanos e europeus adotarem uma nova posição. Ontem, a Casa Branca afirmou que estava trabalhando em sanções contra Assad e pessoas-chave do governo. Entre as medidas estão o congelamento de bens e a proibição de viagens para os EUA e Europa.

ONU. "A violência usada pelo governo da Síria contra seu povo é completamente deplorável", disse Tommy Vietor, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA. "Estamos buscando uma série de opções políticas, incluindo sanções, para responder à repressão."

Na ONU, Grã-Bretanha, França, Portugal e Alemanha apresentaram ontem um projeto de resolução, que poderá ser votado hoje pelo Conselho de Segurança, pedindo o fim da violência e condenando o regime sírio. Rússia e China, no entanto, podem frear a votação. / COLABOROU DENISE CHRISPIM