Título: Construtoras ampliam atuação para fora dos grandes centros
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2011, Economia, p. B8

Empresas lançam empreendimentos fora do eixo Rio/São Paulo para conquistar a nova classe média

De olho na população que almeja realizar o sonho de ter a casa própria, construtoras ampliaram o universo geográfico e passaram a lançar empreendimentos fora dos grandes centros do País. Estudo do IPC Maps, que mede o potencial de consumo, mostra, por exemplo, que a maior parte dos gastos classificados pelos brasileiros como "outras despesas", que representam 25,9% do gasto total, inclui principalmente o desembolso com a compra da casa própria e com reformas.

A construtora Trisul, por exemplo, desde 2007 expandiu os lançamentos para além da Região Metropolitana de São Paulo, em cidades do interior do Estado e municípios satélites de Brasília. "Detectamos que havia um bom potencial de compra e baixa oferta de produtos", lembra o diretor comercial da empresa, Ricardo Stella, ponderando também que a escassez de terrenos nos grandes centros forçou a migração.

De 2008 para cá, por exemplo, a empresa lançou 1.400 apartamentos em Sorocaba (SP), cerca de 10% do total de lançamento da companhia no período. "Já vendemos 1.200 unidades dos três empreendimentos e o primeiro será entregue este ano", conta o executivo. São imóveis na faixa R$ 100mil a R$ 250 mil.

Antonio Guedes, diretor-geral da Living Construtora, braço da Cyrela para a baixa renda, conta que, em 2009, 70% dos seus lançamentos eram nas grandes cidades do Sudeste e as Regiões Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste respondiam por 30% dos novos empreendimentos. No ano passado, o Sudeste diminuiu sua fatia para 60% e as demais regiões ampliaram a participação para 40%.

Além da maior mobilidade social que favoreceu o aumento do consumo, Guedes explica que houve um crescimento da procura de imóveis por pessoas que anteriormente viviam nas grandes cidades do Sudeste e agora estão migrando para essas novas regiões. Essa população vai em busca de melhores oportunidades ou, simplesmente, porque foi transferida pela empresa em que trabalha, diz o executivo.

A Rossi Incorporadora e Construtora é outra empresa do setor que decidiu diversificar as regiões de atuação. "Faz pelo menos 15 anos que optamos ir para outras regiões do País", conta o diretor comercial, Leonardo Diniz. Por meio de parcerias, a companhia está em praticamente todos os Estados.

Ele conta que, baseada em pesquisa, a empresa tem um plano consistente de expansão que prevê a atuação em 120 cidades, na faixa de 200 mil habitantes, onde ainda não está. Essa lista reúne municípios das Regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. "Estamos abrindo operações em São Luiz (MA), Belém (PA), Cuiabá (MT), Londrina (PR)." Em São Paulo, a empresa avalia Barretos, Franca, Presidente Prudente e Araçatuba.

"A grande diferença do momento atual para alguns anos atrás é que hoje todo mundo está trabalhando", observa Fabio Cury, presidente da Cury Construtora. Ele diz que no passado era impensável lançar imóveis em cidades como Itaquaquecetuba, Suzano, Guarulhos, municípios situados num raio de 100 quilômetros da capital. Hoje, no entanto, com a economia rodando praticamente a pleno emprego, essas cidades-dormitório foram valorizadas.