Título: Depois da explosão, silêncio. E então os tiros começaram
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2011, Internacional, p. A10

No início da madrugada, funcionário da Embaixada do Brasil acordou com o barulho de helicópteros sobrevoando a vizinhança

Passava pouco de 1 hora quando o paquistanês Qaiser Iqbal Awan, funcionário da Embaixada do Brasil em Islamabad, acordou assustado com o barulho de helicópteros sobrevoando a vizinhança nos arredores de Abbottabad, uma cidade militar a 116 quilômetros da capital paquistanesa. A mulher dele e os três filhos também acordaram, assustados.

Anjum Naveed/APPatrulha. Soldados paquistaneses vigiam casa de Bin Laden Awan saiu à calçada para ver o que estava acontecendo e avistou "dois enormes helicópteros" seguindo em direção à base de Abbottabad. De repente, um estrondo.

"Achamos que fosse uma bomba", disse ao Estado, por telefone, de Islamabad. Awan pediu que a mulher e os filhos se protegessem, no quarto do casal. Depois da explosão, houve um grande silêncio, "de uns dez minutos, pelo menos". E, então, os tiros começaram. "Eram muitos tiros, um barulho muito forte, de armas pesadas, metralhadoras", contou ele. Segundo ele, o tiroteio levou "15 ou 20 minutos". E, então, tudo silenciou novamente.

Foi só na manhã seguinte que Awan soube que se tratara de uma operação militar americana que resultou na morte de Osama Bin Laden.

"Nunca imaginamos que Bin Laden pudesse estar aqui", diz. Awan nasceu e foi criado no subúrbio de Abbottabad, assim como seus pais, irmãos, tios, primos. "Estão todos absolutamente chocados com a notícia aqui".

O bairro onde Awan mora fica a cerca de 2 quilômetros da base militar paquistanesa na cidade. "Abbottabad é uma cidade militar, cercada por soldados das forças paquistanesas. Ninguém jamais poderia imaginar que Bin Laden estivesse aqui, tão perto."