Título: O termômetro de uma economia aquecida
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2011, Economia, p. B1

No início do ano, quando as restrições ao crédito aumentaram, esperava-se que o consumo fosse freado. No entanto, o que vemos é uma economia que segue aquecida e o mercado automobilístico é um ótimo termômetro. De janeiro a abril deste ano, as vendas foram 4,5% superiores ao mesmo período de 2010. Abril registrou queda nas vendas na comparação ao mês anterior, porém, vale ressaltar que, se considerarmos somente os dias úteis, abril volta à frente.

O Brasil já é o quarto maior mercado automotivo do mundo e, em 2011, esse cenário deve se consolidar ainda mais. As previsões apontam para 3,7 milhões de unidades vendidas, uma ampliação de 5,2% na comparação com 2010.

Antes atribuído à classe A, atualmente as responsáveis por mais de 50% do consumo no País são as classes B e C. Mesmo com as restrições ao crédito, as pessoas têm melhorado suas rendas e, com isso, é possível administrar melhor os gastos e investir em bens de consumo, como um carro zero. É justamente por esse motivo que as vendas seguem aquecidas. O consumidor dessas classes planeja a compra do primeiro carro e, com estabilidade no emprego, assume um financiamento mesmo com o crédito restrito.

Com dinheiro no bolso, os brasileiros agora também buscam por veículos mais equipados, com opcionais que tornam seu cotidiano mais confortável. Nesse sentido, os consumidores brasileiros só têm a ganhar. Com a chegada de novas montadoras ao País, os clientes têm mais opção. Fabricantes chineses, por exemplo, são a força emergente da indústria automotiva para os próximos anos. Com alta tecnologia e baixos custos de produção, estão trazendo ao Brasil carros equipados por menos de R$ 40 mil, o que ainda é difícil de encontrar entre as montadoras tradicionais brasileiras.

Para os próximos meses, podemos esperar crescimento mais tímido do que o registrado no ano passado mas, ao mesmo tempo, um mercado que amadurece aos poucos, com consumidores mais exigentes e mais opções de compra.

DIRETOR DA ROLAND BERGER

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