Título: Popularidade de Obama aumenta após ofensiva
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2011, Internacional, p. A12

Analista alerta, porém, que a segurança nacional não será um tema decisivo na eleição do ano que vem

A morte de Osama bin Laden elevou a popularidade do presidente americano, Barack Obama, e calou boa parte das críticas da oposição republicana. No entanto, o assassinato do fundador da Al-Qaeda não deverá definir sua reeleição, em novembro de 2012, que deve ser diretamente influenciada por resultados mais sólidos na economia do país.

Pesquisa do Pew Research Center e do jornal The Washington Post publicada ontem apontou uma aprovação de Obama de 56%, nove pontos porcentuais mais que abril. O instituto conservador Rasmussen nem sequer detectou expansão da popularidade do presidente, mas registrou a manutenção do mesmo índice de 49% - número que chegou a ser de 42% no ano passado.

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Segundo o analista político conservador Michael Barone, a morte de Bin Laden "foi positiva" para Obama, em especial nas pesquisas de opinião. Entretanto, Barone advertiu para o fato de a história americana mostrar que esses picos de popularidade por questões de segurança nacional são efêmeros.

A aprovação do ex-presidente George Bush pai chegou a 90%, em 1991, com a vitória na Guerra do Golfo. No ano seguinte, perdeu a reeleição para o democrata Bill Clinton. A popularidade de George Bush, o filho, saltou de 50% para 90% na época dos ataques de 11 de setembro de 2001, mas também caiu nos meses seguintes.

O fator decisivo para a eleição de 2012 será a economia, segundo Barone. Em especial o fato de ainda haver 13,5 milhões de desempregados e mais 2,4 milhões sem esperança de procurar trabalho no país. O desafio eleitoral de Obama não será apenas estimular a atividade econômica, mas negociar com os republicanos um plano de redução da dívida pública de mais de US$ 14 trilhões - quase 100% de toda a produção anual americana.

Não por acaso, os debates sobre uma solução bipartidária começarão amanhã, na Casa Branca, depois de Obama visitar o chamado "Ponto Zero", o terreno onde ficavam as torre do World Trade Center, em Nova York, principal alvo da Al-Qaeda nos atentados de 2001.

Mudança. No curto prazo, Obama conseguiu, pelo menos, calar as recorrentes críticas da oposição sobre sua fragilidade ao lidar com temas de segurança e de política internacional. O presidente democrata recebeu os parabéns de Bush, seu antecessor, e de outras figuras emblemáticas da oposição republicana.

O ex-vice-presidente Dick Cheney reconheceu que o governo Obama mereceu o crédito pelo sucesso da operação. O prefeito de Nova York na época dos atentados, Rudolph Giuliani, afirmou admirar a coragem de Obama.

Depois de ter levantado dúvidas sobre a nacionalidade do presidente americano, o bilionário Donald Trump, também republicano, se disse disposto a cumprimentar pessoalmente Obama. Trump é um possível concorrente em 2012.