Título: Divulgar foto do corpo indicaria arrogância ao mundo muçulmano
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/05/2011, Internacional, p. A14

Depois de discussões intensas com sua equipe de segurança nacional, o presidente americano, Barack Obama, decidiu que as fotos do corpo de Osama bin Laden eram explícitas demais e poderiam estimular seus seguidores a planejar retaliações. Segundo o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, liberar as imagens passaria uma imagem de arrogância dos EUA. "Não somos assim", disse. O debate sobre a divulgação das imagens tomou conta da Casa Branca nos últimos dois dias. Para alguns assessores de alto escalão, a liberação seria inevitável. Na terça-feira, o diretor da CIA, Leon Panetta, disse que a fotografia acabaria sendo apresentada ao público.

No Pentágono e no departamento de Estado, no entanto, houve receio em apresentar fotos abomináveis do corpo de Bin Laden coberto de sangue. Ontem, quando a decisão foi tomada, a maioria das opiniões era favorável à retenção das fotos, informou Carney.

Outra corrente argumentou que a divulgação das fotos não silenciaria as dúvidas sobre a execução de Bin Laden no Paquistão, o que a Casa Branca considera indiscutível. "O fato é que você não verá Osama bin Laden andando por este planeta outra vez", disse Obama em uma entrevista à rede de TV CBS, que deve ser exibida no domingo. O porta-voz do presidente acrescentou que a liberação das imagens não era necessária para comprovar a morte de Bin Laden. Ainda de acordo com Carney, Obama considerou desnecessário e imprudente divulgá-las.

Alguns parlamentares expressaram opiniões similares. Para eles, a medida teria um retorno pequeno e colocaria em perigo as tropas americanas no Iraque e no Afeganistão. "Imagine como o povo americano reagiria se a Al-Qaeda matasse um de nossos soldados ou líderes militares e colocasse a foto na internet?", questionou o republicano Mike Rogers, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes. "Bin Laden não é um troféu. Ele está morto e vamos nos concentrar em continuar a luta contra a Al-Qaeda."

REPÓRTERES DO THE NEW YORK TIMES