Título: Culpa é dos combustíveis, diz Mantega
Autor: Amorim, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2011, Economia, p. B1

Para ministro, IPCA foi elevado em abril, mas já mostra tendência de queda, com o recuo dos preços das commodities, principalmente petróleo

Embora tenha admitido que a inflação de 0,77% em abril foi elevada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou que o indicador divulgado ontem pelo IBGE ficou abaixo do esperado pelo mercado financeiro e culpou os combustíveis pela alta de preços no mês passado. Segundo o ministro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já mostra tendência de queda.

"Os vilões foram os combustíveis, como gasolina e etanol. A boa noticia é que no mês de maio os preços destes combustíveis estão caindo. Começou a safra da cana-de-açúcar e o preço do etanol já caiu bastante e logo chegará à bomba de gasolina", argumentou Mantega.

O ministro destacou ainda que os preços das commodities - produtos negociados no mercado internacional - também já começaram a cair, especialmente o petróleo, que segundo Mantega tem grande influência sobre as outras mercadorias. "Estamos com forte desaceleração no preço das commodities, uma das principais causas da inflação mundial e também da brasileira", acrescentou.

Mantega avaliou que também estaria havendo arrefecimento dos preços de serviços, o que levaria o País ao "ponto de inflexão" em relação ao IPCA, ou seja, o momento a partir do qual a inflação começaria a baixar. "Nós já podemos respirar em maio esperando uma inflação em torno de 0,45% a 0,5%." Vale lembrar que o ministro arriscou a mesma previsão em meados de março, quando o indicador acabou ficando estável em 0,79%.

Ele destacou ainda a queda do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) em abril, para 0,45% (ante 0,62% em março). Segundo Mantega, isso é importante porque o IGP-M é o precursor do IPCA, já que aponta a elevação dos preços no atacado.

Embora a inflação em 12 meses tenha chegado a 6,51% em abril, rompendo o teto da meta de 6,5%, Mantega alegou que "o que interessa" para o governo é a variação entre janeiro e dezembro, e garantiu que o indicador não passará do limite. "Tecnicamente (o resultado) é considerado dentro da meta. O que acontece é que substituímos abril do ano passado, quando a inflação do IPCA foi quase zero."

Câmbio. Mantega reafirmou que o governo não deixará o câmbio se valorizar para conter a inflação. Segundo ele, as medidas para segurar a alta do real também ajudam a controlar os preços, sobretudo as que têm impacto no crédito. O ministro citou o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos no exterior, com prazos inferiores a dois anos.

Mantega disse ainda que a implementação de uma quarentena para o capital externo não está "no radar" no momento, mas ponderou que nenhuma medida pode ser descartada. Segundo ele, o governo precisa calibrar as medidas de acordo com a atuação dos agentes financeiros.