Título: Economistas preveem 0,45% para maio
Autor: Amorim, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2011, Economia, p. B1

Recuo será favorecido pelos grupos Alimentação, Saúde e Transportes; para junho, projeções ficam entre 0,04% e 0,43%, com média de 0,19%

Análises dos economistas do mercado financeiro obtidos pela "Agência Estado" apontam para um IPCA em maio em torno de 0,45%. Se confirmadas as estimativas, o resultado representaria desaceleração em torno de 0,32 ponto porcentual ante o IPCA de abril, de 0,77%, divulgado ontem pelo IBGE. Para junho, os economistas esperam forte desaceleração do índice, podendo chegar até mesmo muito próximo da estabilidade.

Levantamento relâmpago realizado ontem pelo AE Projeções com 24 instituições financeiras, após a divulgação do nível de 0,77% em abril, aponta, para junho, um IPCA entre 0,04%, projeção do Itaú Unibanco, e 0,43%, aposta do Banco Fator. A mediana e a média ficaram em 0,19%; a previsão mais citada foi de 0,20%. Todas as casas consultadas enfatizaram que suas projeções são preliminares e certamente serão revisadas até às vésperas da divulgação do dado pelo IBGE.

Para os economistas do mercado, o comportamento da inflação em maio tende a ser favorecido pelo desempenho dos grupos Alimentação e Bebidas, Saúde e Transportes. Além disso, os analistas lembraram que os efeitos da política monetária, promovida pelo Banco Central por meio das altas de juros, tendem a chegar à inflação.

Para a Alimentação, eles aguardam um reflexo do comportamento baixista das commodities; e para o grupo Saúde, a saída gradual dos impactos dos reajustes do remédios. Para Transportes, dão como certa a reversão nos preços do etanol e da gasolina, que, em abril, subiram juntos 6,53% e foram responsáveis por 0,30 ponto porcentual do IPCA.

"A expectativa do Banco Fator para o IPCA em maio é de que ele tenha variação de 0,45%", destacou a equipe liderada pelo economista-chefe, José Francisco de Lima Gonçalves. "Com isso a inflação acumulada em 12 meses deve ainda ficar próxima do teto da meta (e acima dela nos próximos meses), porém deve recuar no final do ano, terminando 2011 em torno de 6%", calcularam os analistas do Fator.

Para a equipe da Rosenberg & Associados, liderada pela economista-chefe Thais Zara, a expectativa para os próximos meses é de arrefecimento da inflação mensal, porém com trajetória ainda de alta do acumulado em 12 meses. "A saída do impacto da alta da gasolina e do álcool, a queda dos preços das commodities internacionais, o fim dos impactos dos reajuste de remédios e o desempenho mais favorável de vestuário devem trazer o indicador para um patamar entre 0,4% e 0,5%", escreveram os analistas.

"Portanto, a partir do (resultado do) próximo mês, a inflação deve ceder e permanecer em níveis mais baixos até o fim do ano, mas sem grande alívio do acumulado em 12 meses. Nossa expectativa é de que o IPCA encerre 2011 com inflação de 6,3%", complementaram.