Título: EUA estudam enviar US$ 30 bi para ajudar os rebeldes na Líbia
Autor: Sant'Anna, Lourival
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2011, Internacional, p. A20

Quantia viria de depósitos confiscados do governo líbio feitos no exterior e serviria para acelerar a queda de Kadafi

Esam Al-Fetori/ReutersRevolução. Rebeldes líbios em treinamento em Benghazi Os EUA estão estudando formas de liberar uma parte dos US$ 30 bilhões de depósitos do governo líbio no exterior e repassar o dinheiro para os rebeldes que lutam para derrubar o regime de Muamar Kadafi. O anúncio foi feito ontem pela secretária de Estado Hillary Clinton, durante conferência em Roma com 22 países e entidades internacionais para organizar a ajuda financeira aos dissidentes.

Representados pelo presidente do Conselho Nacional Transitório, Mahmoud Jibril, os rebeldes afirmam precisar de US$ 3 bilhões para pagar os salários dos militares, comida, remédios e outros suprimentos e equipamentos. Depois de mais de um mês de impasse militar, os aliados ocidentais chegaram à conclusão de que não basta a Otan bombardear as forças de Kadafi para os rebeldes avançarem até Trípoli.

É preciso fortalecer os rebeldes, que nas últimas semanas têm recrutado e treinado soldados e reorganizado as forças militares regulares, preparando-se para uma prolongada guerra civil. A reunião de ontem é parte desse esforço para apoiar materialmente os rebeldes, que também começaram a vender petróleo, com a intermediação comercial do Catar, para comprar, entre outras coisas, armas.

Os participantes concordaram em criar um fundo ao qual os rebeldes tenham acesso rápido para adquirir produtos de emergência, como comida e remédios. Segundo o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, os participantes da conferência prometeram doar US$ 250 milhões. Os EUA já haviam prometido US$ 53 milhões em ajuda humanitária e autorizaram a compra de até US$ 25 milhões de material não letal, como remédios, botas, tendas de campanha, rações militares e equipamento de proteção.

A Grã-Bretanha prometeu US$ 21,5 milhões em equipamento não letal, como telefones via satélite e coletes à prova de balas. Doações de alimentos e remédios têm chegado ao leste da Líbia, pelo território egípcio.

A maior dificuldade, porém, é fazer chegá-las a Misrata e Zintan, cidades controladas, em parte, pelos rebeldes no oeste, cercadas pelas forças de Kadafi. Navios que se aproximam de Misrata com ajuda humanitária são recebidos a tiros. Frattini fez também um apelo para que os países reconheçam o conselho transitório como o governo legítimo da Líbia.