Título: Lutamos por uma escola que não seja heteronormativa
Autor: Mandelli, Mariana ; Moura, Rafael Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2011, Vida, p. A24

Para o educador social Lula Ramires, a diversidade sexual deve ser discutida na escola como um tema qualquer. Ramires faz parte da organização sem fins lucrativos Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor (Corsa) e do grupo que discute a inserção dos temas em material pedagógico do MEC - um kit com vídeos deve ser distribuído em escolas no próximo semestre.

Qual a finalidade do material? Queremos mostrar que a sexualidade é uma construção social. Há gays nas escolas e eles devem ser respeitados. Do mesmo jeito que existe gente que sente desejo pelo sexo oposto, existe gente que sente isso pelo mesmo sexo - o que não é pecado, vergonha, crime ou doença.

Lutamos por uma escola que não seja heteronormativa. Na escola de hoje, o que se divulga é aquele modelo de família perfeita, com pai, mãe e filhos. Isso está mudando e a escola deve promover a convivência democrática desde cedo.

Como o sr. vê as críticas que afirmam que o material faz apologia à homossexualidade?

O material não faz apologia à homossexualidade. Ninguém tem o poder de influenciar um jovem a ser gay ou travesti. A orientação sexual é uma questão de foro íntimo e o tema deve ser tratado dentro da escola como outro qualquer.

O que o sr. acha da proposta de cotas para professores LGBT em programas de alfabetização, que chegou a ser incluída, mas acabou sendo retirada do plano? Não acho que seja necessário. Não é com uma cota que resolveríamos o problema. Nosso caso é diferente dos negros e das cotas raciais. A questão da violência, para o público LGBT, é mais latente que as diferenças econômicas e raciais.