Título: Compras da BP no Brasil recebem aval da ANP
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2011, Economia, p. B4

Protagonista do maior vazamento da indústria do petróleo, no Golfo do México, companhia britânica diz que vai dar prioridade à atuação no País

O Brasil será usado como "plataforma" para promover o crescimento da britânica BP, que teve suas finanças diluídas em 2010 com as tentativas de conter o maior vazamento da indústria do petróleo, no Golfo do México.

Em entrevista para anunciar a aprovação da aquisição dos ativos da americana Devon no Brasil, pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), depois de um ano de espera, o presidente da companhia, Guillermo Quintero, disse que quer muito mais no País.

Sem citar números ou projeções precisos e falando muito nos cuidados e investimentos que a companhia fez em segurança desde que foi protagonista do acidente no golfo, Quintero definiu o Brasil como prioridade. "Queremos crescer substancialmente nossa produção aqui e atingir, apenas com áreas já conhecidas, mais de 100 mil barris por dia na metade da década."

Entre os ativos da Devon adquiridos no Brasil, que somam nove contratos, está o campo de Polvo, na Bacia de Campos, que hoje produz 25 mil barris por dia.

Para aumentar esta produção, segundo ele, a companhia está contratando sísmicas para estudar melhor as áreas que adquiriu da Devon na Bacia do Parnaíba, e deve contratar também estudos para a área de Polvo.

Na região, a OGX tem feito descobertas em reservatórios não convencionais e a companhia espera, com melhores conhecimentos da área, chegar a outros reservatórios no mesmo campo. Além da reserva que vem sendo explorada, a Devon já havia feito descobertas na área do pré-sal naquele campo. Segundo Quintero, os blocos da Devon não deverão ser suficientes para atender as perspectivas da companhia para o Brasil. "Não vamos nos limitar apenas a estes nove contratos. Queremos tudo.".

Interesse. Quintero disse que a companhia está interessada em disputar a 11.ª Rodada de Áreas Exploratórias da ANP no segundo semestre, além de estar de olho em ativos que estejam à venda em negociação direta com as empresas, chamados farm-in. "Estamos avaliando várias áreas para farm-in, no pré-sal ou fora dele, mas com potencial importante. Não podemos falar, é claro, quais são estas áreas."

A companhia britânica tem também interesse em disputar áreas do pré-sal sob o novo modelo de partilha, que deverá estar em vigor no próximo ano. Segundo ele, uma nova sonda está sendo preparada pela empresa no Golfo do México e chegará nos próximos dias ao Brasil para duplicar a capacidade de perfuração no País, que hoje conta com apenas uma sonda.

O executivo, de origem venezuelana e na companhia há pouco mais de um ano, também evitou comentar os planos da empresa para a área de etanol. Disse apenas que a companhia quer liderar o processo de produção de etanol no País até o fim da década. Para a área de refino, Quintero descartou planos no curto prazo. "A empresa poderá vender sua produção tanto no mercado interno quanto externo."

Ele também descartou que tenha havido realocações de recursos alojados antes no Golfo do México para outras áreas - como o Brasil. No ano passado, a companhia vendeu quatro áreas exploratórias no golfo.