Título: IGP-M já sobe 0,70% na primeira prévia de maio
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2011, Economia, p. B6

A disparada nos preços ao consumidor elevou a taxa do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) que, na primeira prévia de maio registrou alta de 0,70%. Em abril, no mesmo período, o resultado foi de 0,55%. Usado para reajustar preços de aluguel, o índice mostrou o maior nível para a inflação ao consumidor (IPC) em mais de oito anos, com alta de 0,87%, quase o dobro da apurada em abril (0,46%).

Para analistas, o cenário justifica um período longo de aperto monetário por parte do Banco Central. Alguns apostam em aumento mais intenso na taxa básica de juros (Selic), que subiu de 11,75% para 12% na reunião de abril do Conselho de Política Monetária (Copom). Na prática, a evolução da inflação também levanta dúvidas de quando se dará o retorno do IPCA (o índice oficial de acompanhamento da inflação ao consumidor) ao centro da meta, fixada em 4,5% até 2012.

Para o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, a inflação percebida pelo consumidor na primeira prévia de maio foi composta por uma combinação de dois fatores: aumentos de preços sazonais e elevações atípicas de produtos de peso no cálculo da inflação varejista.

Entre os já esperados, altas nos preços de vestuário, por conta das novas coleções nas lojas, e reajustes nos preços de medicamentos e de tarifa de energia elétrica residencial. Ao mesmo tempo, a inflação varejista foi influenciada pela continuidade dos aumentos nos preços dos combustíveis, que não deveriam estar subindo de forma tão intensa nesta época do ano. Também ocorreu uma nova disparada nos preços dos alimentos, principalmente dos itens in natura.

O atual panorama do atacado pode ajudar a conter os próximos avanços nos preços junto ao consumidor. Da primeira prévia de abril para a de maio, a inflação no atacado desacelerou de 0,63% para 0,60%.

Vários itens agrícolas, com cadeia longa de derivados no varejo, estão em queda. "A inflação no curto prazo deve diminuir de ritmo; mas o cenário inflacionário para os últimos meses deste ano ainda é incerto", disse Quadros,

Com a aceleração da primeira prévia, o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, deve elevar sua previsão para o IGP-M fechado de maio de 0,55% para em torno de 0,60%. "Este cenário deve contribuir para que o BC mantenha a trajetória de alta na Selic."