Título: Queda global das commodities influencia as bolsas
Autor: Tamer, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2011, Economia, p. B8
As principais bolsas de valores dos Estados Unidos zeraram ontem um rali de três dias em meio a declínio acentuado nas ações do setor de energia e de commodities, gerando preocupação sobre a capacidade do mercado de manter trajetória ascendente. O Dow Jones recuou 1,02%, para 12.630 pontos. O Standard & Poor"s 500 teve desvalorização de 1,11% (1.342 pontos) e o Nasdaq caiu 0,93% (2.845 pontos).
O segundo grande colapso nas commodities em uma semana motivou a venda de outros ativos arriscados, incluindo ações. Dólar mais forte e dados mostrando crescimento no estoque de combustível nos EUA provocaram queda nos preços do petróleo bruto de mais de 5%.
Segundo Bryant Evans, gerente de portfólio da Cozad Asset Management, de Illinois, "muito dinheiro está ligado a fundos negociados em bolsa e fundos mútuos que influenciam amplo leque de ações, não apenas do setor de commodities. Parte disso pode representar distanciamento do mercado de ações em geral, mas mais especialmente do setor de energia e commodities".
Cerca de cinco papéis caíram para cada um que subiu na Bolsa de Nova York, uma ampla mudança sinalizando que investidores enxergaram pouco valor na maioria dos setores.
O fundo Energy Select Sector SPDR recuou 2,9%, enquanto o fundo de petróleo dos EUA perdeu 4,2%. O fundo iShares silver teve queda de 8,3%. Preocupações com a demanda global alimentaram perdas nos papéis de energia e matérias-primas. O componente de energia do S&P desvalorizou-se 7,8% neste mês.
Dando sinal de fraqueza, o S&P 500 ficou abaixo do patamar de 1.340 pontos. Analistas afirmam que um encerramento abaixo de 1.330 pontos seria sinal negativo para o mercado.
No Brasil, o principal índice da bolsa caiu quase 2%, abalado pela baixa global das commodities após dados da economia na China e estoques de petróleo nos EUA. O Ibovespa recuou 1,7%, a 63.775 pontos. O giro financeiro do pregão foi de R$ 6,26 bilhões.
Nos EUA, o petróleo desabou 5,46% e voltou a fechar abaixo de US$ 100 o barril. Dados de estoque mostraram alta das reservas de gasolina pela primeira vez em 12 semanas, e números da economia da China indicaram desaceleração da atividade com inflação em alta. "A impressão que se tem é de que estamos presenciando um estouro de bolha nos mercados de commodities", diz o departamento econômico da Interbolsa. "Boa parte do componente de alta das commodities, além da demanda dos emergentes, vem (vinha) de operações especulativas em fundos."