Título: Consumo em alta
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2011, Economia, p. B3

Já estamos no quinto mês do ano e até agora o ritmo de atividade não deu sinais claros de desaceleração. Os dados do Serasa sobre o crescimento recorde das vendas no Dia das Mães é apenas mais uma estatística a indicar a dificuldade da economia em diminuir o ritmo de expansão. Nossas estimativas este ano apontam crescimento do volume de vendas no varejo. Por isso, já há algum tempo acreditamos que o crescimento do PIB em 2011 baterá nos 4,5% e os dados cada vez mais confirmam esse prognóstico.

Vale perguntar então se o Banco Central está no caminho adequado para tirar o fôlego do consumo. Não nos parece o caso, até porque o BC aparentemente resolveu mudar de novo o discurso e apontar para mais crescimento da taxa de juros e menos medidas macroprudenciais. Entretanto, ao subir a Selic em apenas 0,25 ponto porcentual assume-se também que não se quer desacelerar muito.

Como o governo diz para a população que a economia vai continuar crescendo e sabendo que o mercado de trabalho continua muito aquecido, o consumidor se sente estimulado a ir às compras, mesmo com a Selic no nível que está. O discurso do governo nesse sentido seria importante para a população, mas ele é esquizofrênico. Ao mesmo tempo em que se diz preocupado com a inflação sugere que o consumidor continue comprando. Como ele faz isso?

Mantendo uma taxa de juros abaixo do que seria necessário para convergir a inflação para a meta em 2012. Vale lembrar que estamos desde 2008 com inflação a 6% ao ano, com a exceção do ano recessivo de 2009, trazê-la para 4,5% é tarefa que o governo não começou a fazer ainda.

É ECONOMISTA-CHEFE DA MB ASSOCIADOS