Título: BCs veem risco no vaivém de preços das commodities
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2011, Economia, p. B8
Para bancos centrais, volatilidade pode ser um sinal de especulação e precisa ser freada para não ameaçar recuperação
Se os preços das commodities continuarem altos, poderão contaminar outros setores e ampliar o impacto da inflação para toda a economia. Essa é a conclusão dos BCs que ontem estiveram reunidos na Basileia. Depois de uma queda na semana passada, os preços das commodities voltaram a subir ontem. Para os representantes de bancos centrais, essa facilidade em cair e a nova alta de ontem são sinais preocupantes e cada vez mais claros de que o mercado não está seguindo a demanda e produção, senão movimentos especulativos.
O Estado revelou em sua edição de ontem o temor de alguns dos maiores BCs de que a queda na semana passada no setor de commodities represente o primeiro sinal de que há uma bolha que poderia estourar. Ontem, o mercado se recuperou, levando consigo bolsas de vários países.
Depois de perder quase 5% na semana passada, o ouro superou ontem a marca de US$ 1,5 mil. A prata, depois de cair 27%, ontem voltou a subir. O petróleo e bolsas de países exportadores de produtos agrícolas também subiram, graças à retomada.
Desta vez, a recuperação estaria ligada aos temores em relação ao euro, o que fez investidores migrarem para o ouro, prata e outros commodities. Para Jean-Claude Trichet, presidente do BC europeu e porta-voz do grupo que se reuniu na Basileia, essa volatilidade precisa ser freada.
De acordo com Trichet, em grande parte os altos preços estão ligados ao superaquecimento das economias emergentes. "Isso tem impacto direto nas bolsas e na inflação global, e é necessário evitar que haja uma proliferação da contaminação."