Título: Tombini cobra ricos por fluxo excessivo de capital
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2011, Economia, p. B9

A cobrança vem um dia depois de os BCs de países avançados acusarem a inflação nos emergentes de ser responsável pelas ameaças à recuperação global. Em um encontro de banqueiros na Basileia, europeus e americanos insinuaram que era a falta de compromisso de BCs emergentes contra a inflação que estaria potencializando uma desestabilização nos mercados.

Tombini, ontem, defendeu outra posição. Segundo ele, medidas têm de ser tomadas "do lado dos recebedores do fluxo e dos emissores", no que se refere ao capital. Ou seja, emergentes são chamados a agir. Mas a liquidez gerada nos países ricos também precisa ser alvo de um debate.

O evento de ontem, organizado pelo BC suíço, ocorreu a portas fechadas e contou com personalidades como Dominique Strauss-Kahn, Michel Camdessus e Larry Summers, ex-conselheiro econômico de Barack Obama. Mas os participantes de países avançados escutaram de Tombini uma cobrança direta.

Os países emergentes podem aplicar o quanto quiserem medidas como controle de capital e outras formas de IOFs. Mas uma solução para o elevado fluxo de capital nos países emergentes somente virá quando medidas também forem tomadas nos países de origem desses recursos.

Em sua apresentação, Tombini destacou que os elevados fluxos de capital são "um dos problemas" com os quais as economias emergentes estão lidando. Segundo ele, a entrada de capital é bem-vinda. No entanto, quando excessiva, acaba pressionando a inflação e traz "riscos à estabilidade do sistema financeiro".

Um dos principais alvos das críticas foi a injeção de recursos do Tesouro americano à economia. Parte desse capital não encontrou ativos nos países ricos e acabou migrando para os emergentes, onde as taxas de juros são maiores. O mercado de commodities também se transformou em outro alvo desse capital, o que ficou claro pela volatilidade nos últimos dias.