Título: Embate comercial entre os dois países é antigo
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2011, Economia, p. B4

O protecionismo argentino contra o Brasil tem longa tradição e se confunde com a história do Mercosul. O bloco foi criado em 1991 com a assinatura do Tratado de Assunção. Os empresários argentinos desfrutaram de uma redução gradual de tarifas de importação até 1995, para se adaptar a concorrência do Brasil.

O prazo foi concluído, mas os pedidos de proteção continuaram. Em 1997, começaram a surgir as primeiras exigências de medidas contra o Brasil pelos produtores argentinos de suínos, frangos, calçados, móveis, entre outros. O argumento era que "a invasão brasileira destruiria a indústria nacional".

Em janeiro de 1999, a maxi desvalorização do real causou irritação em Buenos Aires e uma disparada de alertas sobre uma "iminente avalanche" de produtos brasileiros. Para pressionar o Brasil, o então presidente Carlos Menem deslanchou um intenso flerte com os Estados Unidos, para fechar um acordo bilateral de livre comércio. Na época, falava-se no "fim do Mercosul", mas o bloco sobreviveu.

Entre 2000 e 2001 a situação novamente ficou tensa no conturbado governo de Fernando De la Rúa. Enquanto a administração De la Rua aproximava-se de seu final, as medidas protecionistas contra o Brasil cresciam.

A pausa nos conflitos ocorreu durante a profunda crise econômica de 2001-2002 e o início da recuperação em 2003. Nesse período, com o país à beira da falência, as importações feitas pela Argentina despencaram.

A recuperação acelerada do consumo a partir de 2004 - e o aumento das importações de produtos brasileiros - levaram o presidente Néstor Kirchner a declarar uma ofensiva contra os eletrodomésticos brasileiros.